Uma possível solução para o aproveitamento de áreas improdutivas de propriedades rurais é a criação de uma espécie animal nativa já adaptada ao ambiente, clima, parasitas e enfermidades de várzeas e matas tropicais e, por estes motivos, mais aptas a produzir sob essas condições, como a capivara.
Além disso, o preço de mercado da arroba da capivara para o produtor é, pelo menos, quatro vezes superior ao valor pago pela arroba do boi e seis vezes a arroba do suíno.
“Atualmente, os principais compradores da carne de capivara são os restaurantes dos grandes centros urbanos, onde a população, cada vez mais afastada do contato com a natureza, busca compensar este isolamento por meio do consumo de produtos alternativos”, afirma o professor Sérgio Luiz Gama Nogueira Filho, do curso Criação de Capivara, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
A capivara
A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), prima do coelho, é o maior roedor do mundo e pertence à subordem Caviomorphae, à família Hydrochoeridae e à subfamília Cavioidae.
É uma espécie rústica, bem adaptada e com ampla distribuição na América tropical e ocorria, praticamente, em todas as regiões do Brasil, mas hoje está extinta em muitos locais de sua distribuição original.
Este animal, extremamente dócil, tem de 1,00 a 1,20m de comprimento, 0,50 a 0,60m de altura e pesa 60kg ou mais quando adulto. Em cativeiro, chegaram a atingir mais de 90kg.
Seu corpo é maciço, tem pescoço curto e focinho obtuso, com os lábios superiores fendidos. As orelhas são pequenas, sem pelos e muito móveis. Já os olhos e orifícios nasais estão situadas na parte superior da cabeça, em um mesmo plano, resultado da adaptação à vida aquática.
Seus membros são curtos em relação ao volume corporal. As patas anteriores têm quatro dedos e as posteriores, três; todos unidos entre si por membranas natatórias, sendo dotados de unhas fortes e grossas.
Este animal não tem rabo e não conseguimos distinguir visualmente o sexo. Para fazer a sexagem, é preciso a contenção do animal e exteriorização dos órgão sexuais, que são internos e recobertos por um prega.
Geralmente, permanece próxima dos corpos de água como rios, açudes e lagos de onde não se distancia mais do que 500 metros. É considerado um animal semiaquático, o que não significa que passa o dia todo na água.
Em geral, quando não existe pressão de caça ou de predadores naturais, a capivara tem hábito diurno; descansa na mata nas horas mais quentes do dia e pasta ao entardecer.
Características da carne de capivara
A carne de capivara é de excelente qualidade, tanto em sabor e coloração quanto à textura e, em sua composição, possui 24,0% de proteína a mais do que a carne de porco ou a de boi.
É uma carne magra, com baixos níveis de colesterol, contendo, em média, apenas 4,0% de gordura, enquanto a carne de porco pode ter até 22,5 % e a alcatra do boi, 27,1 %.
Couro e outros subprodutos
Além da carne, a capivara produz couro de excelente qualidade porque é resistente, impermeável e leve. Este pode ser utilizado para a fabricação de selas, calçados, bolsas, confecção de luvas e artigos de vestuário como jaquetas, coletes, entre outros.
Em Buenos Aires, uma jaqueta feita com o couro de capivara chega a ser vendida a 720,00 dólares e um par de luvas por 80,00 dólares.
Outros subprodutos da capivara são a gordura e os dentes incisivos. A gordura subcutânea é utilizada como tônico e para o preparo de medicamentos para reumatismo, asma e bronquite. Já os dentes são exportados, a dois dólares por unidade, para países europeus onde são utilizados em artigos de artesanato.
Situação atual e perspectivas de mercado
Atualmente, o mercado comercializa uma média de duas toneladas da carne de capivara (aproximadamente 100 cabeças) por mês, o que não atende à demanda que é crescente e com boas perspectivas inclusive para exportação.
O principal problema enfrentado pelo pequeno criador de capivaras é o de não ter como atender diretamente aos consumidores, em virtude das dificuldades como: tamanho da produção, legislação para abate e outros fatores, como os atravessadores que não remuneram adequadamente o produtor.
Somente com o aumento do número de produtores de animais de nossa fauna, registrados junto ao IBAMA, esta situação poderia se reverter, porque um maior número de criadores permitiria a criação de cooperativas e/ou associações de criadores o que possibilitaria a comercialização direta da carne e dos subprodutos com uma distribuição mais justa dos lucros dessa atividade.
Gostou do assunto? Quer saber mais sobre a criação de capivaras? Leia as matérias abaixo:
Capivara - vantagens econômicas da criação em cativeiro
Capivara - organização social em cativeiro e genitália
Além de exótica, a carne da Capivara é muito apreciada pelo mercado consumidor
Capivara - instalações para a criação em cativeiro em sistema intensivo de produção
Conheça os Cursos CPT, da área Animais Silvestres.
Por Andréa Oliveira.
Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa, desde que contenha um link remetendo para o site www.cpt.com.br.
Cursos Relacionados
Deixe seu comentário
Informamos que a resposta será publicada o mais breve possível, assim que passar pela moderação.
Obrigado pela sua participação.