Para uma rapadura de qualidade, cana-de-açúcar de qualidade!

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A matéria-prima para a produção de açúcar mascavo, melado ou rapadura é a cana-de-açúcar e a melhor matéria-prima é a que tem maior teor de açúcar (sacarose). O teor e a pureza do açúcar (sacarose) na cana dependem de diversos fatores e variam com eles, tais como:
- escolha da variedade que mais se adapta à região,
- condições climáticas do local favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar,
- tipo de solos favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar,
- preparo adequado do solo para implantação do canavial,
- tratos culturais realizados no canavial, visando obter uma boa produção, em termos de produtividade e qualidade.

A combinação adequada desses fatores será a responsável pela qualidade final da cana-de-açúcar e, consequentemente, dos produtos derivados da mesma, afirma Dr. José Benício Paes Chaves, professor do Curso a Distância CPT Como Produzir Rapadura, Melado e Açúcar Mascavo - Processo Artesanal.

No Brasil, até o século XIX, a cana-de-açúcar utilizada para fabricar rapadura era a crioula. Depois, veio a caiana, que é a mais resistente a pragas e, posteriormente, surgiram inúmeras outras variedades, como a cana rosa, fita, bambu, carangola, cabocla, preta, entre outras. A variedade da cana-de-açúcar está entre os principais fatores de produtividade e de qualidade dos produtos da cana-de-açúcar. A variedade ideal é aquela que atende às exigências quanto ao rendimento e à qualidade, uma vez que são considerados os requisitos-chave em qualquer atividade produtiva. Por isso, tanto a produtividade quanto a qualidade são, hoje, os temas mais discutidos em sistemas de produção de diversas áreas.

Sendo assim, a qualidade e a produtividade da cana-de-açúcar, utilizada na produção de rapadura, melado e açúcar mascavo são de suma importância na fabricação desses produtos. Isto, porque são parâmetros que estão envolvidos diretamente no desempenho das operações de extração de caldo, sendo fundamental na obtenção de altos rendimentos e qualidade do produto final.

A qualidade deve ser entendida como o conjunto de características da matéria-prima compatível com as exigências da indústria. Nesse sentido, a cana-de-açúcar deve atender a um conjunto de características tecnológicas, de produção e microbiológicas que definam a sua qualidade e que tenham influência no seu processamento, já que as técnicas empregadas na fabricação de rapadura, melado e açúcar mascavo não conseguem minimizar os efeitos de matéria-prima de baixa qualidade e produtividade.

O rendimento, outro ponto fundamental que merece ser citado, é função da quantidade de açúcar (sacarose) da cana-de-açúcar. Portanto, a rentabilidade depende fundamentalmente da escolha correta das variedades que irão formar os canaviais. O caldo de cana-de-açúcar, matéria-prima utilizada na fabricação de açúcar mascavo, melado e rapadura é constituído por água e sólidos solúveis. O teor de água fica em torno de 76 a 82% e o restante é constituído pelos sólidos solúveis (aproximadamente 14 a 24% de sacarose e o restante de não-açúcares).

Portanto, no controle de produção devemos ficar atentos para a produtividade da cana-de-açúcar, em termos de sacarose por área colhida (kg de açúcar/hectare, por exemplo). Assim, para se obter maior rendimento, o produtor deve procurar cultivar variedades que permitam obter um nível máximo de sacarose no momento do corte.

Apesar de praticamente todas as variedades de cana-de-açúcar serem adequadas à produção de rapadura, açúcar mascavo e melado, existem alguns critérios básicos que deverão ser respeitados no momento de se escolher uma variedade de cana. Por exemplo:

- escolher uma variedade que, quando madura, apresente no mínimo 20% de sacarose,
- a variedade escolhida deve ser tolerante às eventuais deficiências nutricionais do solo,
- a variedade deve possuir uma boa capacidade de emitir mais de uma brotação em cada gema, ou seja, deve apresentar um bom perfilhamento,
- deve ser capaz de apresentar uma boa brotação de soqueira,
- deve-se preferir aquelas variedades que apresentem um teor de fibra de baixo a médio, pois essa condição facilita a extração do caldo.

Além desses critérios, outras informações, no que se refere à precocidade da cultura também devem ser consideradas, uma vez que as diversas variedade de cana podem ser agrupadas em três categorias, de acordo com o tempo de maturação, ou seja:

- variedades precoces são aquelas que atingirão a maturação logo no início da safra (setembro),
- variedades medianas são aquelas que atingirão a maturação no meio da safra, ou seja, de outubro a novembro,
- variedades tardias são as que apresentarão maturação no final da safra, ou seja, de novembro a dezembro.

De posse dessas informações, uma pergunta surge de imediato: qual(is) variedade(s) devemos utilizar?

Se pensarmos que o período de produção de rapadura, açúcar mascavo e melado coincide com o final da colheita da cana, o ideal é cultivar variedades precoces, medianas e tardias. Com isso, conseguiremos utilizar melhor a mão de obra e os equipamentos da propriedade.

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Por Silvana Teixeira.