O composto natural utilizado na produção do Champignon (Agaricus) é formulado com palha de arroz e esterco fresco de cavalo, proveniente das camas de capim da estrebaria.
É importante que se saiba que o esterco, na composição do composto natural, deve corresponder de 20 a 30% do total da mistura. Esta composição apresenta quase todos os nutrientes necessários ao desenvolvimento do Champignon, exceto o nitrogênio, que necessita de suplementação.
Proporção dos itens
A proporção usual dos itens que compõem o composto natural para a produção do Champignon é de sete partes de palha para três de esterco, em uma meda mínima de três toneladas ou de acordo com o volume do pasteurizador.
Formação da pilha ou meda
Estes materiais devem ser dispostos em camadas alternadas, formando uma pilha ou meda de 1,80 de largura x 1,80 de altura e comprimento dependente do total de substrato que está sendo processado.
Existem várias maneiras para dimensionar o tamanho da meda ou pilha de compostagem em função da área de prateleiras disponível para o cultivo.
Uma refere-se à massa do substrato ou composto que, ao final do processo, representa entre 30 e 50% do volume inicial na montagem da pilha, sabendo-se que 1 m3 da massa úmida pesa de 400 a 500 kg ou densidade igual a 0,4 a 0,5.
Suplementos minerais
A cada camada, deve-se incorporar os suplementos minerais a lanço ou dissolvidos em aproximadamente 50 litros de água.
Para 1 tonelada de composto contendo de 20 - 30% de cama de capim de estrebaria e o restante em capim ou bagaço de cana, deve-se adicionar:
15 kg de S.A. (Sulfato de Amônia)
30 kg da calcário dolomítico ou calcítico (preferencialmente a calcítico)
4 kg de superfosfato simples
10 kg de gesso
20 kg de farelo de soja, algodão ou esterco galinha
Estes materiais, misturados, devem ser adicionados (de uma única vez) a lanço e bem distribuídos para garantir a homogeneidade da massa.
Com o desenvolvimento de novas técnicas de preparo do composto, outros substratos passaram a ser utilizados com sucesso, como os estercos de galinha, coelho, ovelhas, cabras e porco e palhas de trigo, centeio, arroz, aveia, cevada, bagaço de cana, torta de algodão e até capim gordura, entre outros.
Procedência do esterco
Para melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do composto, a procedência do esterco deve ser de um único lugar, onde os cavalos são bem alimentados (sempre com mesma ração), com cama de palha abundante, embebida com a urina do animal mais o estrume.
A urina contém nitrogênio a 1,5-2% e potássio a 1 a 1,5%. Enquanto o estrume contém 0,3 a 0,5% de nitrogênio e 0,1 a 0,3% de potássio, daí a importância de não se perder a cama de palha embebida.
Deve-se salientar que, apesar da literatura enfatizar a complementação de K nos compostos para cultivo de cogumelos, ratifica-se que esse elemento é dispensável pois é um micronutriente na nutrição microbiana.
Propriedades das fibras
As fibras das palhas devem ser elásticas e resistentes para permitirem uma maior circulação do ar na compostagem, evitando o metabolismo de microrganismos anaeróbios estritos, que são os responsáveis pelo mau cheiro, devido à formação de gás sulfídrico (muito tóxico ao cogumelo e aos microrganismos sintróficos que precisam estabelecer-se no composto durante a compostagem e pasteurização).
O capim gordura também pode ser usado quando novo, mas deve ser picado e submetido a uma pré-fermentação, porém possui produtividade inferior ao proporcionado pelo composto à base de palha de arroz ou de trigo.
Incorporação de substâncias químicas
O fornecimento de substâncias químicas ao composto tem por objetivo melhorar as suas condições físicas e químicas, como o pH, a permeabilidade, a estrutura, a aeração e a própria relação C/N.
Esta adição variará com o material utilizado na meda, não existindo recomendações fixas.
Influência da umidade na compostagem
A umidade também influenciará na compostagem e deve ser de 70%. Para tal deve-se promover a umidificação do composto por meio de uma irrigação abundante durante a montagem da pilha e posteriormente durante as reviragens, caso haja necessidade.
Para verificar na prática o teor de umidade, basta espremer o composto com uma das mãos. Se não houver escorrimento entre os dedos, mas molhando as mãos, teremos a umidade adequada. Esta verificação deve ser feita na reviragem da pilha (a cada dois ou três dias).
Caso o composto esteja com a umidade abaixo do recomendado, deve ser devidamente umidificado. Por outro lado, se estiver acima, deve-se espalhar o composto sobre o piso para que o excesso de água evapore e haja uma substancial aeração do composto.
Esta etapa do cultivo é de extrema importância para o sucesso da produção de cogumelos comestíveis, recomendando-se bastante cuidado no preparo das medas (pilhas de compostagem), visando propiciar condições ótimas de desenvolvimento do fungo e, consequentemente, garantir a produtividade de cogumelos.
Substratos alternativos
Historicamente, o esterco de cavalo parcialmente decomposto tem sido o principal meio para fornecer os nutrientes exigidos no cultivo artificial de Agaricus, porém o conhecimento e o melhoramento de técnicas de preparação do composto como a compostagem e a pasteurização, possibilita o uso de substratos alternativos para a produção de cogumelos.
Assim, na França, por exemplo, prepara-se um composto de palha e esterco de ovinos (4:3); outro composto é feito com uma camada de palha, outra de esterco de cavalo, outra de palha, uma de esterco de galinha, outra novamente de palha e outra de esterco de coelho, ovelha ou porco e, ainda, outra de palha, fazendo-se reviradas a cada 3-4 dias, iniciando-se no 6o dia; após 4 semanas o composto estará pronto.
A mistura dos diversos estercos pode sempre ser feita, com atenção especial às diferenças entre eles, onde uma parte de esterco de galinha corresponde a duas de esterco de coelho, a três de esterco de ovelha e cabras, a quatro de porco e cinco de ovinos.
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Por Silvana Teixeira
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Comentários
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6 de dez. de 2022Achei muito interessante quero saber mais
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