“Não há dúvida de que os setores de agricultura e pecuária são importantes instrumentos da descentralização econômica e do crescimento regional. Acreditamos, também, que a boa performance agrícola poderá trazer um novo impulso industrial e será a alavanca para uma nova expansão mundial”. É o que diz o especialista e professor do Curso CPT de Agricultura Natural, Kunio Nagai.
1. Degradação do solo
A agricultura moderna maximizará o proveito do solo em termos econômicos, sem se preocupar com a degradação ambiental. A agricultura moderna recomenda aração mecânica, gradagem e cultivos, muitas vezes, com máquinas pesadas. Essas operações de revolvimento mecânico intensivo de terra, conjugadas com a ação das chuvas e dos ventos, estão trazendo irremediável degradação dos solos. As perdas anuais devido à erosão, nos Estados Unidos, são estimadas em cinco bilhões de toneladas de terra, enquanto, no Brasil, a cifra é estimada em um bilhão de toneladas.
2. Contaminação do solo e da água
O Professor Borloug, detentor do Prêmio Nobel, encabeçou a campanha denominada “Revolução Verde”, com o slogan “fartura para todos”. Intensificou-se o uso de insumos modernos, quais sejam, adubos químicos, defensivos químicos, sementes híbridas etc., em todos os campos agrícolas do mundo inteiro, inclusive dos países pobres. O aparente e efêmero aumento da produção agrícola logo se dissipou. Esses insumos modernos foram fabricados pelos países de primeiro mundo para abastecer o mercado do terceiro mundo, enquanto havia financiamento oficial. Passado o momento inicial de euforia, os agricultores dos países em desenvolvimento ficaram mais pobres, desaprenderam a agricultura tradicional e, como saldo, depararam com a degradação irremediável de suas terras.
Os agricultores abandonaram o sistema tradicional de agricultura, que se baseava na reciclagem de recursos naturais. Abandonaram, também, o sistema de consorciamento de culturas, passando para a lavoura mecanizada e para a monocultura.
Em poucos anos, as terras ficaram degradadas, erodidas, sem vida, isto é sem microrganismos benéficos, e surgiram pragas e moléstias, afetando gravemente a lavoura. Começaram a usar inicialmente os organoclorados, como DDT, BHC ou Aldrin. Mais tarde, começaram a usar novos produtos organofosforados. Para acompanhar a intensa mecanização, começaram a usar herbicidas. Como consequência, todas as terras agrícolas e os rios que correm nessas terras foram demasiadamente contaminados.
3. Resistência de pragas e moléstias aos defensivos químicos
As pragas e moléstias ficaram mais resistentes aos defensivos químicos, demandando doses crescentes para o seu controle, o que colocou em risco a saúde dos produtores e dos consumidores. Resultado de estudos sobre pesticidas detectados em legumes e hortaliças comercializados na cidade de São Paulo, realizados durante o período de 1996 a 1999.
Referência | Alimentos | N° de amostras. | Amostras positivas (%) |
Gebara e cols. (1996) | Hortaliças em geral | 72 | 63,9 |
Gebara e cols. (1997) | Hortaliças em geral | 68 | 29,4 |
Gebara e cols. (1999) | Hortaliças em geral | 1976 | 44,3 |
Gebara e cols. (1997) | Tomate | 52 | 26,5 |
Enfim, a “Revolução Verde”, embora tenha trazido efêmero aumento de produção agrícola, após dois a três anos de agricultura moderna, trouxe consequências desastrosas aos agricultores, acarretando muitos problemas, como a contaminação do ambiente com agrotóxicos, menor produtividade, problemas sanitários, êxodo rural, etc.
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Por Eduardo Silva Ribeiro.
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