A agricultura orgânica sustentável prevê a utilização dos insumos encontrados na propriedade, principalmente a matéria orgânica. No caso da citricultura, por exemplo, o principal insumo são as plantas espontâneas que crescem nas entrelinhas da cultura, que são ceifadas e inoculadas com uma calda de bactérias, a fim de decompor essa matéria orgânica. “Trata-se, portanto, de um insumo produzido na propriedade e utilizado in loco na área de plantio”, afirma Paulo Antônio D'Andréa, professor do Curso a Distância CPT Cultivo Orgânico de Citros.
Em clima tropical, o principal adubo é a biomassa, cujo crescimento é favorecido pela abundância de luz e água. Além disso, temos uma vantagem sobre os outros climas, que é uma grande variedade de microrganismos decompositores, que transformam a biomassa em alimento para o solo. Nós não adubamos planta, nós adubamos o solo.
O solo, sendo sadio e fértil, vai produzir uma planta sadia e, portanto, os alimentos por ela produzidos também serão sadios. Assim, passamos a utilizar a matéria orgânica, não com o objetivo final de adubação, mas sim como um meio ciclador dos nutrientes minerais disponíveis, originalmente, nos solos. A matéria orgânica, ao se decompor diretamente no solo, estimulada pela ação de microrganismos, realiza a compostagem laminar que produzirá ácidos orgânicos como os ácidos húmicos e cítrico, dentre outros. Esses ácidos solubilizam os minerais do solo, deixando-os disponíveis para a nutrição das plantas.
O manejo do mato é uma parte muito importante do processo. A vegetação espontânea deve ser preservada na lavoura. As espécies de plantas que ocorrem naturalmente indicam as condições atuais do solo. Por exemplo, gramíneas agressivas como a braquiária indicam que o solo apresenta baixa fertilidade. Plantas espontâneas, tenras e macias, e leguminosas indicam que o solo encontra-se em boas condições de fertilidade e de estrutura.
A cobertura do solo com material seco ou plantas vivas exerce um efeito direto sobre a erosão, ao reduzir o impacto das gotas de chuva, evitando escorrimento superficial e incrementando a infiltração da água.
As gramíneas são altamente favoráveis, pois apresentam alta eficiência na produção de biomassa e um exuberante sistema radicular, com grande capacidade de ciclagem de nutrientes e grande produção de exsudados radiculares. Baseado no princípio do pastoreio rotacionado, onde se busca a maior produtividade da pastagem, recomenda-se a roçagem rotacionada, a fim de engordar organicamente as culturas.
Nas lavouras de citros, no verão, recomenda-se roçar as gramíneas, regulando a roçadeira para cortar o capim, de forma a deixar 1/3 da sua altura. Dessa maneira, o capim rebrota e cresce rapidamente. Contrariando os conceitos da agricultura quimicista, em que as ervas daninhas concorrem com as culturas em nutrientes, no manejo da roçagem rotacionada, em áreas orgânicas, observa-se que, quando as gramíneas estão em fase de crescimento, as culturas perenes como citros, também vegetam.
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