A crise de 1929 e o colapso do liberalismo americano

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O evento que marcou contundentemente a entrada do Século XX, ou seja, o fato histórico que sem precedentes transformou o capitalismo americano em um sistema com modificações internas muito significativas, especialmente no que diz respeito à relação entre Estado, sociedade, economia e cultura, foi a Crise de 1929 e o Colapso do Liberalismo.

Entre 1914 e 1918, enquanto a Europa estava afundada na Guerra Mundial e enquanto todas as nações europeias ou as principais (Inglaterra, França, Áustria, Alemanha, Rússia e Itália) estavam concentrando suas energias produtivas na indústria bélica, a única nação do mundo capaz de abastecer o mercado, carente de produtos dos mais variados tipos que não eram produzidos na Europa naquele momento, eram os Estados Unidos da América.

Inicia-se aqui a grande ascensão americana, com a construção de ferrovias que interligavam os principais Estados do país, abertura de indústrias diversas, entre as quais despontavam-se as automobilísticas, abertura de teatros e, principalmente, a ascensão classe média trabalhadora, que passou a ser muito bem remunerada.

Em outras palavras, pode-se dizer que enquanto a Europa se afundava na Primeira Guerra Mundial os Estados Unidos da América crescia de forma espetacular, abastecendo as cidades europeias com os mais variados produtos. Para tal, muitos empregos foram criados nos EUA, o comércio encheu-se de lojas e entre a população um crescente otimismo crescia a cada dia.

Constituía-se, então, um “modelo de felicidade”. O país experimentava uma era sem fome, sem desemprego e sem miséria. “Um mercado muito expansivo de produtos levaria posteriormente o país a um colapso da economia, gerando a crise de 1929”, afirma Fábio Rigueira Simão, professor responsável pela Aula 8 – A Crise de 1929 e o Colapso do Liberalismo, elaborada pelo Centro de Produções Técnicas – CPT.

Movidos pela febre especulativa, pela ganância, pela vontade de ganhar cada vez mais dinheiro e mais rápido, a classe média americana, em peso, começa a investir o excedente de sua renda na bolsa de valores, comprando ações a baixo custo e vendendo por valores mais elevados.

Porém, um fato fez com que o sonho americano de um modelo ideal de vida, cada vez mais próspero e feliz, fosse posto a baixo: a recuperação da economia dos países envolvidos na guerra. E foi justamente aí que a economia entrou em colapso, dando origem à “Crise de 29" – a famosa "Crash de 1929" – ou seja, a quebra da bolsa de valores de Nova York.

Como? Isso é simples: superprodução, crise especulativa, desemprego e fome.

- Superprodução: com a recuperação de sua economia, os países europeus diminuíram drasticamente a compra de bens produzidos pelos EUA, o que gerou um excedente de produção.
- Desemprego: sem mercado consumidor para absorver produtos e serviços, muitos trabalhadores são demitidos, fábricas são fechadas e o comércio quebra.
- Especulação: para pagar suas contas, a classe média trabalhadora, agora sem emprego, volta à bolsa de valores para vender suas ações. Como essa estratégia é praticada em peso, o valor das ações cai drasticamente.
- Fome: sem dinheiro, os americanos passam a vivenciar uma inversão completa daquilo que havia experimentado no passado e a fome bate em suas portas.

De 1929 a 1933, então, os EUA entra em declínio. A notícia espalha-se pelo mundo inteiro. Jornais anunciavam que bilhões eram perdidos em ações; pessoas ricas, do dia para a noite, perderam tudo; e uma onda de suicídios em Nova York começa a acontecer, sendo nomeada de “A Grande Depressão”.

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Por Silvana Teixeira.