Preocupados com a atual situação do transporte do leite cru, produtores, administradores de cooperativas e setores do governo buscam meios alternativos para contornar o problema. Atualmente, o transporte de leite cru, em latões, é o meio mais utilizado no Brasil. Esse transporte é feito por carreteiros autônomos, e o leite é coletado nos chamados pontos de coleta, em latões de até 50 litros.
“Nesses pontos, muitas vezes situados distantes das propriedades, os latões ficam expostos ao sol aguardando a chegada do caminhão, o que permite a rápida proliferação dos microrganismos do leite”, afirma a professora Maria Cristina Alvarenga Viana Mosquim, dos cursos CPT – Centro de Produções Técnicas.
Por causa da pequena quantidade de leite coletada por ponto, os caminhões quase sempre trafegam ociosos, sendo os carreteiros estimulados a aumentar o seu raio de ação, em busca de novos produtores, retardando a entrega aos laticínios, com reflexo no seu custo operacional e na qualidade do produto. Sendo assim, uma das alternativas que ultimamente tem sido analisada com expectativa é a introdução do sistema de coleta de leite a granel. Neste sistema, são instalados tanques de resfriamento nas fazendas produtoras de leite, sendo a coleta feita por caminhões tanques isotérmicos que realizam o transporte até os postos de recepção.
O aumento da conservação do leite, resultante do seu resfriamento, traz vantagens, como a redução de custos, sabor mais agradável, entre outros
O aumento da conservação do leite, resultante do seu resfriamento, traz vantagens, como a redução de custos, sabor mais agradável, redução da quantidade de leite desclassificado por acidez e maior flexibilidade de processamento de derivados de melhor qualidade. Possibilita, também, a coleta em dias alternados. Se o leite é resfriado e a coleta é feita a granel, em caminhões tanques isotérmicos, o sistema se otimiza.
A qualidade do leite recebido pela usina de beneficiamento deve ser boa para garantir a produção de derivados de boa qualidade e de boa conservação. Consequentemente os primeiros esforços para a obtenção de produtos lácteos de boa qualidade devem ser dirigidos para o campo onde a matéria-prima está mais sujeita à perda de qualidade.
Todos os produtos lácteos, a começar pelo leite pasteurizado ou esterilizado, o creme, manteiga, queijo, leite em pó integral e desnatado e terminando com produtos de sobremesa mais sofisticados como os produtos lácteos congelados, iogurte, pudins, entre outros, dependem de leite de boa qualidade.
Benefícios
Os benefícios esperados para o produtor que entra no sistema de resfriamento do leite e coleta a granel são os seguintes:
- Melhoria da qualidade da matéria-prima;
- Redução das perdas com o leite ácido;
- Maior possibilidade de ganhos com a bonificação;
- Redução de valor do frete;
- Flexibilidade nos horários de ordenha e recolha na propriedade. Isto leva a uma melhor qualidade de vida ao produtor.
Instalação
A instalação dos Tanques de Expansão para resfriamento de leite nas propriedades rurais deve ser cercada de cuidados, principalmente com relação à parte elétrica. Neste contexto, merecem destaque dois pontos principais:
A qualidade do leite recebido pela usina de beneficiamento deve ser boa para garantir a produção de derivados de boa qualidade e de boa conservação
- Necessidade de Instalação de Estabilizador de Tensão
Os Tanques de Expansão que estão sendo instalados são dimensionados para operarem em tensão de 220 Volts, o que torna imprescindível a utilização de um Estabilizador de Tensão para proteção do mesmo. Este estabilizador, que deverá ser compatível com a potência elétrica do conjunto frigorífico que serve ao tanque de expansão, será responsável pela redução da tensão de fornecimento acima referida (240 ou 254 Volts) para a tensão de trabalho dos tanques (220 Volts), além de garantir que as variações que venham a ocorrer nestes parâmetros não interfiram no correto funcionamento do equipamento, evitando a queima de componentes.
- Necessidade de Aterramento do Conjunto
Para garantir a segurança operacional dos tanques de expansão, o mesmo deverá ter todos os componentes devidamente protegidos por um sistema de aterramento, composto por três hastes galvanizadas de 2,4 metros, dispostas em linha e com espaçamento mínimo entre elas de 3,0 metros. O aterramento deverá ser feito utilizando-se cabo de aço galvanizado, com conectores apropriados. Deverá ser instalado, também, um para-raios de baixa tensão para proteção do conjunto contra descargas atmosféricas.
Cuidados especiais
A falta de higienização do tanque de resfriamento, na fazenda, pode contaminar o leite com bactérias psicrotróficas. Os tanques de menor capacidade (< 500 L), podem ser lavados facilmente com 9 litros de solução, de detergente-sanitizante à quente, contendo iodofor ou alcalino-clorado. Usar o dobro do iodofor quando substitui-se a solução por água. A lavagem com jatos de solução, é prática recomendável, mas deve ser complementada com lavagem manual, uma vez por semana.
Procedimento para Lavagem Manual
- Esfregar o tanque com a válvula de descarga aberta (interior e exterior), enxaguando-o com jatos de água.
- Preparar a solução de detergente-sanitizante (iodofor) em um balde plástico (28 ml/9 litros de água fria ou 14 ml/9 litros de água quente).
- Colocar o balde dentro do tanque e esfregar as suas paredes com uma escova apropriada.
- Escovar a válvula de descarga do tanque e a tubulação com escovas apropriadas.
- Escovar a superfície externa do tanque com o restante da solução.
- Antes da ordenha, enxaguar a superfície interna da tampa para remoção dos resíduos de iodo.
Procedimento para Lavagem por Aspersão (Spray)
- Com a válvula de descarga aberta, enxaguar, a superfície externa e interna do tanque, com jatos de água.
- Aspergir a parede interna do tanque e válvula de descarga, com solução de detergente sanitizante, a base de iodofor, usando uma bomba de pressão.
- Enxaguar o tanque com água, antes da utilização.
- Uma vez por semana, lavar manualmente todas as partes do tanque, com solução detergente-sanitizante.
Lavagem Manual de Resfriadores Portáteis e de Peneiras
- Enxaguar manualmente, com jatos de água fria.
- Esfregar manualmente todas as partes que contatam o leite com uma solução detergente sanitizante.
contida em um tanque de lavagem. A sua temperatura não deve ser superior a 400C.
- Enxaguar com água fria.
Lavagem Mecânica dos Tanques
A lavagem mecânica faz-se necessária para tanques com mais de 500 litros de capacidade, especialmente, quando tratam-se de tanques fechados. Há basicamente dois tipos de lavagem mecânica: semi-automático e automático.
- Sistema semi-automático - pode ser acoplado ao tanque de estocagem. A lavagem baseia-se no uso de uma solução, a frio de iodofor submetido a lavagens periódicas (2-4 semanas), com solução à quente de detergente alcalino-clorado. O pré-enxague e lavagem são retirados em três minutos, enquanto, o enxágue pós-lavagem demanda, pelo menos, 10 minutos ou até o início da ordenha. A solução mais eficaz contém 0,5% de detergente cáustico adicionada de 168 ml de hipoclorito/100 litros solução, a 70oC, ou, alternativamente, uma solução de detergente-sanitizante clorado.
- Sistema de lavagem automatizado - é parte integrante do tanque de estocagem incluindo o ciclo completo de enxague, lavagem e enxague (30-60 min). Os tanques foram desenvolvidos para lavagem a quente com solução detergente, mas podem ser lavados, a frio, sendo intercalado com lavagem, a quente, a cada 2-4 semanas, a semelhança semi-automático. A água quente, a 70oC, é adicionada de um detergente-sanitizante (alcalino-clorado) líquido ou cáustico-clorado (sólido). Em caso de água dura é lavado, periodicamente, (uma vez por quinzena), substituindo, o detergente alcalino-clorado, por um removedor de pedra de leite. Na lavagem, com água fria, usar um detergente-sanitizante a base de iodofor (28 ml/9 litros) ou um detergente cáustico-clorado (227 g/45 litros). A cada duas semanas usar, a 70oC, uma solução detergente cáustico-clorado. Para maximar a eficiência de lavagem, a agitação do tanque de estocagem deve ser adequada, exigindo mais potência, à medida, em que a capacidade do tanque aumente.
Confira mais informações, acessando os cursos da área Produção Orgânica de Leite.
Por Silvana Teixeira.
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Comentários
Arilson Gomes de Oliveira
17 de nov. de 2021Gostaria de ser se o tanque tem alguma probabilidade de me informar se ouve queda de energia ou no quando ele estava fazendo o processo de resfriamento do leite
Resposta do Portal Cursos CPT
12 de jan. de 2022Oi, Arilson! Tudo bem?
Agradeço pela visita!
Infelizmente não possuímos esse tipo de informação!
Abraço!
Lorena
Dilza Alves Da Silva
25 de out. de 2021Olá boa tarde. Quero saber qual preço do tanque resfriador de leite de 1500 litros, da marca IDEC Brasil??
Resposta do Portal Cursos CPT
20 de dez. de 2021Olá, Dilza! Como vai?
Agradecemos sua visita em nosso site!
O CPT disponibiliza cursos de capacitações à distância, não fazemos vendas. Sendo assim, não sabemos informar valores. Recomendamos que você procure em sua cidade/região ou até mesmo no próprio site da marca.
Atenciosamente,
Lorena Tolomelli.
daniel
14 de dez. de 2015como poso fazer manutecao de tanque
Resposta do Portal Cursos CPT
14 de dez. de 2015Olá, Daniel!
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site. Para mais informações cadastramos seu e-mail para receber nosso boletim informativo.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos
Mateus
26 de out. de 2013Quanto tem que demorar para um tanque de leite a granel (4 ordenhas), resfriar 50 litros de leite (ou mais)? *O tanque é de 500 litros. É porque nos achamos que o nosso demora muito!! Se souberem a resposta por favor me respondam no meu endereço de email: consolimateus@gmail.com
Resposta do Portal Cursos CPT
28 de out. de 2013Olá, Mateus!
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site.
O sistema mais usado é o de resfriadores de expansão direta ou a granel, que resfria o leite a menos de 4ºC em menos de 3 horas, o que dificulta o aumento da proliferação das bactérias já existentes no leite.
Os equipamentos existentes hoje no mercado brasileiro, são classificado entre 2 e 4 ordenhas ao dia. É importante que o produtor conheça e saiba qual é o equipamento mais adequado para sua produção.
Um exemplo disso é um refrigerador de leite com capacidade de 1.000 litros. De 4 ordenhas, o resfriador deve refrigerar 250 litros de leite em menos de 3 horas, de 2 ordenhas deve refrigerar 500 litros de leite em menos de 3 horas. Ou seja, um equipamento de 2 ordenhas deve refrigerar o dobro da capacidade de um equipamento para 4 ordenhas em um mesmo tempo.
O que muda na fabricação de um tanque de 4 ordenhas para 2 ordenha é a unidade de frio que tem o dobro da capacidade. O fundo evaporador deve ser adequado para o tamanho da unidade de frio e conseqüentemente para o volume de gás refrigerante necessário para o funcionamento do equipamento.
Se um equipamento demora mais de 3 horas para resfriar o leite, começa a existir uma proliferação muito grande de bactérias.
Fonte: Mercado Leiteiro
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos