Quero cultivar camarões de água doce. O que fazer?

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O cultivo de camarões de água doce envolve três fases distintas: a produção de larvas, ou seja, a obtenção e cultura das larvas até completar a metamorfose (larvicultura); a criação das pós-larvas, que é a fase de berçário (as PL são pré-estocadas em tanques ou viveiros por 15 a 60 dias, quando atingem o estágio juvenil); e a engorda das pós-larvas até atingir o tamanho comercial, que é geralmente chamada recria, embora o termo mais correto seja crescimento.


“Cada fase apresenta características próprias e envolve método de cultivo diferente, de forma que, nem sempre, elas são realizadas pelo mesmo carcinicultor”, afirma Dr. Wagner Cotroni Valenti, professor do Curso CPT Cultivo de Camarões de Água Doce.  Existem criadores que se dedicam à produção das pós-larvas, que são vendidas a outros que realizam apenas a engorda.

1- Recria

A tecnologia de recria de camarões pode ser definida em três sistemas cujas características diferenciais consideram a sua complexidade de manejo:

I- Sistema monofásico

Caracterizado pelo emprego de baixa tecnologia, cujos viveiros escavados no solo (1.000 a 5.000 m²) são povoados com pós-larvas recém-metamorfoseadas na proporção que varia entre 8 a 10 pós-larvas/m². O ciclo tem duração média de seis meses sem qualquer transferência de viveiros. (LOMBARDI e MARQUES, 2009).

II- Sistema bifásico

Trata-se da manutenção das pós-larvas recém-metamorfoseadas em viveiros-berçário também escavados no solo (500 a 2.000 m²). Em seguida, os juvenis com peso médio de ±2 g são transferidos para os viveiros de engorda, onde permanecem por mais aproximadamente 4 meses, em densidades de 8 a 10 juvenis/m², sendo despescados com peso médio de 25 a 30 g. (LOMBARDI e MARQUES, 2009).

III- Sistema trifásico

Semelhante ao anterior, diferindo apenas pela consideração de uma fase preliminar realizada em berçários primários, onde as pós-larvas recém-metamorfoseadas são estocadas em altas densidades (4 a 8 pós-larvas/Litro) dentro de tanques de 5 a 35 m³, construídos em concreto, alvenaria, fibra de vidro, etc. Essa fase, também conhecida como pré-cultivo, tem duração de 15 a 20 dias, cujos organismos com peso médio de 0,05 g são transferidos para os berçários secundários, seguindo o manejo descrito no sistema bifásico. (LOMBARDI e MARQUES, 2009).

2- Berçário

Os berçários podem ser realizados em viveiros de fundo natural, cobertos ou não por estufa, em tanques internos ou em tanques-rede instalados sobre os próprios viveiros de engorda. A área ocupada pelos berçários geralmente varia entre 3 a 5% da área dos viveiros de engorda. Viveiros berçários de fundo natural possibilitam produtividades de até 1,6 milhão de juvenis (2 g)/ha a cada 2 meses.

Os berçários cobertos com estufa permitem a produção de juvenis no inverno, possibilitando a realização de dois ciclos de produção por ano nas regiões subtropicais, e aumento significativo na produção em regiões temperadas. A produtividade é da ordem de 1,5 milhão de juvenis (0,5 g)/ha a cada 75 dias. Os berçários internos são bastante usados em climas subtropicais e temperados, originando juvenis com 0,2 a 0,5 g em 60 dias.

O uso de tanques-rede é bastante promissor, economizando área de produção e facilitando o manejo. Possibilitam estocagens em altas densidades (400-600 PL/m²) com produtividade de 300-400 juvenis (0,5g)/m² em 60 dias (MARQUES et al., 2000).


3- Engorda

A engorda ou recria é geralmente realizada em viveiros escavados em solo natural. Os viveiros de engorda podem ter de 0,3 a 1 ha ou podem ser maiores. Devem ter uma leve inclinação e uma profundidade de 0,60 a 1 m. Neles podem ser estocados 10 a 15 camarões/m². Camarões de 1 cm estocados na proporção de 15 animais/m² podem receber 2,5 a 7,5 kg de alimento/ha/dia, aumentando-se gradativamente para 25 a 45 kg/ha/dia. A proporção de alimento deve ser controlada por meio da observação do consumo diário.

Essa fase do cultivo deve ser realizada segundo um sistema semi-intensivo. São construídos tanques adequados, eliminam-se os predadores e competidores e se estabelece um controle sobre a qualidade de água, a alimentação, o crescimento e a mortalidade dos animais.

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Por Silvana Teixeira.