Pequenos agricultores também causam impactos ambientais. Sim ou não?

Um dia, inserido no meio rural, ouvi de um amigo sitiante a seguinte frase: “Sou pequeno produtor rural. O que quer que eu produza em minhas terras, é tão ínfimo, que nada ou muito pouco causo, ou contribuo com os impactos ambientais”. Na ocasião, muitos iguais que ali estavam, assim como eu, afirmaram categoricamente que esse amigo estava certo. Aliás, coberto de razão.

No mesmo dia, já em casa, peguei-me a pensar no assunto e algo muito me inconformava naquela frase. Depois de muito pensar, vi que eu não poderia compactuar com tal afirmativa. Segundo Ulysses Freire, professor do Curso CPT Impactos Ambientais na Propriedade Rural – Prevenção e Controle, "seja um grande produtor rural ou um pequeno, quando as operações de preparo de solo, plantio, cultivos, combate às pragas, adubação, desmatamentos e outras mais são realizadas sem os cuidados com o meio ambiente, sim, eles causam danos ambientais."

Pois bem, deixe-me explicar. Para compreender os tipos de impactos ambientais que podem ocorrer em uma propriedade rural, temos de conhecer primeiro as suas causas. Para haver um impacto ambiental na propriedade, primeiramente, é preciso ser realizada uma ação que cause uma consequência. As “ações” aqui consideradas serão aquelas típicas em uma propriedade rural. Quando essas operações são realizadas sem a preocupação com os cuidados com o meio ambiente e sem o uso de práticas conservacionistas, a consequência será a ocorrência de impactos ambientais. Nesse caso negativo, diga-se de passagem.

Um impacto é negativo quando a modificação ocorrida no ambiente for um dano ambiental. Por exemplo, o assoreamento de cursos d’água e de nascentes, decorrente de aração, gradagem, plantio e cultivos “morro abaixo”; contaminação da água pelo uso inadequado de defensivos; diminuição da biodiversidade causada pelo desmatamento entre outros.

Entram aqui, inclusive, os danos causados à economia do produtor e à sua qualidade de vida também são impactos ambientais. E não para por aí. A redução da fertilidade do solo induz ao aumento do uso de fertilizantes, aumentando o custo de produção. A redução da biodiversidade causada pelo desmatamento ou por queimadas é um impacto ambiental que leva a outros impactos ambientais importantes para a atividade agropecuária e para as pessoas.

Se acabou? Ainda não! A diminuição da biodiversidade em um ecossistema pode levar à redução do número de espécies endêmicas ali existentes e à diminuição de indivíduos de uma determinada espécie. Se uma espécie predadora de pragas agrícolas ou de pastagens desaparece, ou sofre diminuição da sua população, as pragas vão progredir, causando prejuízos ao produtor rural.

O prejuízo, por sua vez, pode ser explicado pelo aumento da intensidade de ataque das pragas na lavoura e nas pastagens. Além do dano causado, o desequilíbrio ecológico ocorrido ainda exige que a dose de defensivos agrícolas utilizada para o combate às pragas seja aumentada. O aumento do uso de defensivos aumenta o custo de produção, contamina o meio ambiente e os alimentos produzidos.

Atividades agrícolas impensadas geram ações ruins e as ações ruins geram impactos ambientais. Porém, se o produtor rural tiver preocupação com meio ambiente e cumprir as leis ambientais é possível praticar a agricultura, pecuária e silvicultura de forma sustentável e assim evitar ou diminuir os impactos ambientais.

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Por Silvana Teixeira.