Ourivesaria em porcelana é uma técnica de pintura de grande valor, tanto em termos artísticos, quanto em termos econômicos. Além disso, esse tipo de pintura, resultado de um grande trabalho, é universal e, não obstante, atemporal, ou seja, tem aceitação em qualquer época, independentemente da moda ou das tendências culturais de um país ou região.
“Para começar a pintar no estilo ourives, o pintor precisa, antes de qualquer coisa, de muito cuidado com cada passo de seu trabalho, tendo em vista a grande preocupação estética existente nesta técnica”, afirma Dagmar Ferrão, professora do Curso a Distância CPT de Pintura em Porcelana.
O primeiro passo consiste na limpeza minuciosa da peça em que se vai trabalhar. Para isso, recomenda-se o uso de álcool ou de outra substância que apresente um poder de limpeza similar. Após o processo de limpeza, pode, o artista, começar a copiar o desenho, que é também de suma importância para a obtenção de bons resultados, sendo, portanto, necessário que se prepare bem o motivo em que se vai trabalhar.
A delicadeza e fineza nas formas são de grande importância, visto que este estilo é essencialmente parnasiano, isto é, cultua a forma estética do trabalho exteriorizado como legitimação da verdadeira arte. Para esse tipo de pintura específica, recomenda-se a utilização de ouro mate ou fosco, pelo fato de o ouro brilhante não surtir o efeito estético desejado. Tomados os devidos cuidados com a limpeza do material e com a construção e transposição do motivo, deve-se partir para o próximo passo, que requer maior cuidado: a aplicação do ouro.
Considerando a grande delicadeza e minuciosidade que envolve este estilo, deve-se usar materiais também bastante delicados. Na aplicação do ouro, portanto, utiliza-se pincel de ponta fina, sendo importante que este nunca tenha sido utilizado para qualquer outra finalidade. Apesar de todos os cuidados, o pintor ourives não está completamente livre da possibilidade de falhas. Por isso, em caso de erro, o artista deve abster-se de tentar corrigi-lo de qualquer maneira; a delicadeza da pintura não admite qualquer técnica de correção. A única técnica indicada consiste na utilização de um simples palito envolvido, na ponta, por um pequeno pedaço de algodão, umedecido com saliva. Com bastante sutileza, vai-se tocando apenas o ponto onde identificou-se o erro. Procedendo-se desta maneira, o pintor estará conservando a limpeza e, portanto, a originalidade do trabalho.
Alguns erros podem apresentar-se em maiores dimensões, por exemplo uma falha num dos detalhes principais do desenho, o que, certamente, comprometeria o resultado final do trabalho. No caso de erros desta natureza, em nome da rigorosa preocupação formal do estilo ourives, o artista deve recomeçar a pintura, partindo do seu início, usando álcool para limpar toda a peça.
Nesta técnica de ouro mate ou fosco, faz-se, habitualmente, mais de uma aplicação do ouro; as queimas, portanto, devem ser também mais de uma. É importante, também, que o pintor promova o polimento das peças entre uma e outra queima. A temperatura ideal de forno varia muito de forno para forno. Portanto, considerando a delicadeza deste tipo de trabalho, o melhor a fazer é atentar-se para o forno que se utiliza, buscando toda e qualquer informação sobre o mesmo. É também fundamental que o pintor atente às variações de temperatura, pois esta deverá ser diminuída gradativamente da primeira para as demais queimas. Numa média, o tempo de forno para a primeira queima é de 780 oC. As demais seguem com uma diminuição em 20 oC de uma para a outra, ou seja, se a primeira foi de 780 oC, a segunda será de 760 oC, a terceira de 740 oC, e assim por diante.
O polimento deve ser efetuado logo após a retirada da peça do forno – quando ela ainda estiver quente; neste momento, a pintura apresentará uma cor escura, fosca, que é natural dependendo do tipo do tipo de material usado. Para polir, usa-se, geralmente, a lã de vidro ou um aparelho brunidor (estes materiais são encontrados em lojas especializadas).
Esta técnica é bastante antiga e praticada em diversos lugares do mundo. O modelo tradicional é bastante rígido, todavia é um estilo, como outro qualquer, eminentemente passivo de pequenas adaptações por parte do pintor, de acordo com sua peculiaridade artística.
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Por Silvana Teixeira.
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