Cultura de alface hidropônica abastece o mercado nacional e movimenta a economia

A hidroponia deixou de ser apenas uma técnica de pesquisa para se transformar em um negócio rentável, já que William Gericke, pesquisador americano, obteve bons resultados em suas experiências. Foi ele quem nomeou esse tipo de plantio, baseando-se no significado de dois vocábulos gregos: hidro que significa água e ponos que significa trabalho. Europa e Estados Unidos foram os primeiros a adotar a sugestão de produção de Gericke, sendo a hidroponia, posteriormente, aprovada por vários outros países. Esse mercado encontra-se em expansão no Brasil. Muitas são as vantagens da produção hidropônica se comparada à plantação tradicional.

Vantagens da produção hidropônica

Plantação de alface hidropônica

A grande maioria dos hidroponicultores brasileiros preferem cultivar alface, pois além de ter ciclo rápido, a produtividade é alta e há uma considerável demanda por ela. Teixeira afirma que a alface é típica de clima temperado, tornando-se mais resistente a temperaturas mais elevadas graças a alterações na sua composição genética. É uma das hortaliças mais consumidas no país, é originária da Ásia e foi trazida para o Brasil pelos portugueses no século XVI. 40 ou 45 dias após a semeadura, ela já está pronta para a comercialização. Assim, não há como negar que o lucro é certo e rápido. Teixeira esclarece que a alface passa basicamente por três períodos até atingir sua maturação: maternidade, berçário e pré-crescimento e, por fim, o crescimento final.

Apesar de ser um método recente no Brasil, a pesquisadora cita que a hidroponia já é bastante utilizada para fins comerciais. A alface exerce uma significativa importância no setor econômico. O curso Hidroponia – Controle de Pragas e Doenças da Alface, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas, é um manual completo de como cultivar esse vegetal de modo a obter qualidade incomparável. Liliane Teixeira e os professores doutores Valdir Atsushi Yuki e Octávio Nakano explicam detalhadamente como deve ser o controle preventivo de pragas e doenças no ambiente de cultivo da alface hidropônica.

Patologias na hidroponia

Inicialmente, acreditava-se que a hidroponia fosse a maneira mais eficiente de produzir determinados tipos de vegetais, pois, desenvolvendo-se na água, eles estariam livres das pragas e doenças transmitidas pelo solo. A professora e pesquisadora Liliane De Diana Teixeira explica que na verdade a exclusão do solo não elimina as patologias causadas por ele. Embora a maioria dessas doenças tenha uma significativa queda, algumas permanecem mesmo na produção hidropônica e seus danos podem se alastrar rapidamente.

Doenças fúngicas atacam a alface

Alguns hidroponicultores não são a favor da utilização de agrotóxicos em suas culturas. É, portanto, imprescindível que eles tenham um cuidado redobrado, evitando que possíveis doenças possam surgir e se alastrar. Teixeira afirma que a condição na qual a estufa se encontra é fundamental para a manutenção da qualidade do produto. Ela cita a umidade, a temperatura elevada e a ausência de ventilação como os principais fatores responsáveis pelo ataque de doenças às plantas. Já a disseminação é propagada rapidamente porque os pés de alface são dispostos bem próximos uns dos outros.

Algas, fungos e bactérias são alguns dos organismos que prejudicam as hortaliças cultivadas por meio da hidroponia. Os fungos são os maiores causadores de doenças à produção. A pesquisadora explica que os esporos responsáveis pela sua reprodução são disseminados facilmente através de vento, chuva, água, semente e solo contaminados. São várias as espécies de fungos que prejudicam o desenvolvimento da alface, sendo que o grau de periculosidade à planta varia de acordo com a região e a temperatura na qual a cultura hidropônica se situa. As doenças causadas pelos fungos podem atacar a parte aérea ou a raiz da hortaliça.

Prevenção de patologias

Teixeira descreve as medidas de prevenção de pragas e doenças como uma atividade simples, porém trabalhosa, pois qualquer descuido pode comprometer toda a cultura da estufa. Os principais condutores desses fatores prejudiciais ao desenvolvimento da alface são o próprio hidroponicultor, o vento e os restos vegetais ou de terra que por ventura tenham sido carregados para o interior da estufa.

Desinfecção das canaletas de produção hidropônica

Proteger as plantas de insetos e outros animais através da implantação de telas especiais nas laterais da área de produção, selecionar sementes sadias, impedir a entrada de pessoas estranhas no local e utilizar somente água de qualidade para a irrigação são algumas das formas mais comuns de garantir que o desenvolvimento da alface seja o mais saudável possível. Teixeira sugere que o hidroponicultor produza suas próprias mudas a fim de assegurar as condições ideais de produção.

Caso seja encontrada alguma muda com aparência doentia, ela deve ser descartada imediatamente. É importante utilizar ferramentas que auxiliem o manuseamento das plantas, bem como é imprescindível a higienização das mãos da pessoa responsável por lidar diretamente com as hortaliças. A limpeza das mãos é fundamental, principalmente quando o indivíduo entra em contato com plantas doentes. A desinfecção das canaletas ou das bandejas de isopor após a colheita é igualmente necessário para garantir a qualidade da próxima plantação. No curso citado, você encontra também algumas receitas de soluções utilizadas para desinfectar o lugar no qual a alface se desenvolve.

Por Camila Guimarães Ribeiro