As diferenças entre os alimentos orgânicos e convencionais

Um estudo realizado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, apontou que as diferenças nutricionais entre os alimentos orgânicos e os convencionais não são tão significativas quanto julgamos muitas vezes. À exceção do fósforo, cuja concentração superior nos vegetais cultivados de forma sustentável foi a única que obteve destaque, a quantidade de vitaminas e outros elementos nos dois tipos foi muito balanceado.

Entretanto, não podemos nos ater apenas a esses resultados para julgarmos não valer a pena desembolsar uma quantia um pouco maior para obter orgânicos, uma vez que o teor de substâncias não é o único fator que determina a qualidade de um alimento. Vegetais cultivados em lavouras adubadas quimicamente, embora apresentem números elevados de proteína, são mais vulneráveis a doenças e, pior, apresentam altas taxas de nitrato em sua composição. No Curso a Distância CPT Cultivo Orgânico de Hortaliças Sistema de Produção, o professor Jacimar Luis de Souza explica que “o nitrato ingerido passa à corrente sanguínea podendo, então, reduzir-se a nitrito. Este sim, o NO₂, é venenoso, muito mais que os nitratos. Tornam-se mais perigosos quando combinados com aminas, formando as nitrosaminas, substâncias cancerígenas, mutagênicas e teratogênicas. Tal reação pode realizar-se especialmente em meio ácido do suco gástrico, ou seja, no estômago. Desta forma, o monitoramento destas substâncias é essencial para garantir a qualidade dos alimentos consumidos pela população.”

O sistema orgânico também contribui para alimentos com quantidades muito superiores de antioxidantes, substâncias fitoquímicas que combatem os radicais livres do corpo responsáveis pelo envelhecimento precoce, câncer e doenças cardiovasculares. Mas a principal vantagem que o coloca o alimento orgânico em posição de destaque quando comparado ao convencional está no fato de dispensar o uso de defensivos químicos durante seu cultivo. A agricultura convencional, por ser menos resistente, exige a utilização constante de pesticidas que, genuinamente, atacam organismos vivos em geral, não apenas as pragas. Desse modo, ao ingerirmos constantemente os resíduos de agrotóxicos provenientes desses alimentos, estamos nos envenenando gradualmente, ao passo que, com o tempo, o risco de desenvolvermos doenças físicas graves se eleva exponencialmente.

É bom lembrar que, dentre as produções agropecuárias convencionais, os agrotóxicos não são os únicos vilões. Na criação de animais, o uso indiscriminado de produtos veterinários, especialmente, antibióticos, também deixam resíduos nas carnes, ovos e leite e o perigo disso reside justamente no fato de estarmos consumindo indiretamente tais substâncias, tornando-nos altamente resistentes ao efeito desses medicamentos. Assim, caso contrairmos alguma infecção bacteriana, por exemplo, os antibióticos podem não ser eficazes sobre nosso organismo. Sob o contexto orgânico, as criações são tratadas com medicamentos naturais, fitoterápicos e homeopáticos, promovendo a pureza dos produtos orgânicos de origem animal.

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Fonte: Revista Saúde - saude.abril.com.br

Por Bruna Falcone Zauza