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Entardecer

 

Até um certo ponto, a vida é como subir degraus de uma escada. Cansa, mas abrem-se sempre novos horizontes desafiadores, iluminados pelo sol escaldante. Como em um banho de luz intenso, os brilhos cegam. Até cacos de vidros se parecem com ouro.

Acredita-se, enquanto se sobe a escada, que o sopro de vida nos foi dado para sermos felizes nesta terra e não para cumprir um desígnio. A alma, nesse conturbado processo, não consegue paz para meditar, para ouvir o borbulhar de águas limpas e a “voz” que sobe do silêncio interior.

De onde viemos, por onde iremos e com qual proveito guerreamos, pouco importa. O que conta é o sucesso que escoa ao levantar a peneira. Quem tem sorte, todavia, costuma chegar ao patamar mais elevado, uma espécie de oásis, de sítio do guerreiro, de paraíso conquistado, invariavelmente, com suor e lágrimas.

E os cadáveres deixados no rastro? Ficam por conta dos abutres como as migalhas para as formigas. Mas esse lugar tão sonhado, assim que se apaga a satisfação da chegada, revela-se abarrotado de insídias e de traiçoeiros invasores. Mesmo quando se vencem esses incômodos guardiões, jogando alguns do alto da torre, descobre-se que já chegou a hora de começar a descer pelo lado oposto, pois o tempo, inexorável, comunica que já é hora de descer degraus abaixo, em uma vertente em que o sol se pousa, os brilhos desaparecem e até o ouro perde seu fascínio.

É nessa luz de tons mornos que costuma se enxergar horizontes, cada vez mais restritos, porém povoadíssimos de circunstâncias, de seres e de detalhes que não reconhecemos ao subir com a pressa de um corcel. Diminuem-se as passadas, procura-se ganhar tempo e adiar a chegada ao fim da rampa.

Presta-se mais atenção nos seres humanos, desenvolve-se, supreendentemente, o sentimento de compaixão, que ajuda a suportar até os inimigos ferrenhos, estes passam a ser apreciados como um mal ou um bem, igualmente necessários, uma oportunidade de aprender com a dor da derrota, a melhor de todas as professoras.

Descendo ainda se acaba por ajustar, sem grandes esforços, as pretensões pessoais – quimeras caríssimas – à capacidade de alcançá-las. Deixa-se de perder tempo em devaneios. Os desejos se aquietam. Não se encontra mais disposição para correr entre cacos, cobras e brasas.

Abre-se o caminho a quem buzina por trás. Invoca-se benção para ele que, nem sempre, consegue evitar o desastre nas primeiras curvas. Descobre-se que a felicidade existe, no frescor da sombra, em frascos diminutos, em relações suaves, em paz consigo e com o mundo. Ao entardecer. Ser vivo e sem sofrer, já pode encher de alegria.

Compreende-se, enfim, que a felicidade é de quem se satisfaz com aquilo que tem. É do homem que agradece ao seu Deus por tudo de bom e de ruim que acontece em sua vida. Aí sim, qualquer coisa que vier é de bom tamanho, mesmo no último dos degraus onde aguarda o ex-guerreio.

 

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