A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) patenteou uma técnica para desenvolver o uso de variedades geneticamente modificadas no cultivo do café. A nova tecnologia permite que um novo gene se manifeste apenas no endosperma, que é a região responsável pela nutrição da planta. Assim, é possível alterar características específicas, como sabor, aroma e textura.
Na nova técnica, o gene chamado de promotor define onde e quando as características desejadas se manifestarão na planta. Os promotores poderão ser selecionados e catalogados para ficarem à disposição dos órgãos de pesquisa brasileiros. A pesquisadora Juliana Dantas, coordenadora dos estudos, explica que a técnica pode gerar resultados imediatos no desenvolvimento de novas variedades transgênicas.
A estratégia é bastante interessante, por exemplo, se o gene selecionado for usado para criar uma planta resistente a uma praga, como a broca, que é a principal doença do cafeeiro. O besouro perfura o fruto e se instala exatamente no grão de café, onde se reproduz e compromete toda a produção. Com o uso da nova técnica, apenas a proteína do grão seria resistente ao inseto, permitindo que populações de outros insetos que se alimentam da folha e trazem benefícios à planta não sejam atingidas.
Segundo os pesquisadores da Embrapa, o banco com todas as informações sobre os genes promotores deve ser disponibilizado totalmente para consulta em um prazo máximo de cinco anos. Eles esperam que a técnica agilize a geração de novas variedades transgênicas de café, resistentes a pragas, com sabor e aroma acentuados e mais produtivas. As informações serão disponibilizadas em separado por todo o país para atender às demandas de cada região, gerando benefícios, sociais, econômicos, ambientais e de biossegurança.
A técnica é fruto de pesquisas realizadas pelos pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e financiada pelo Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). A patente foi depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), com o nome “Composições e métodos para modificar a expressão de genes de interesse”.
Por: Maria Clara Corsino.
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