Distribuição elétrica na fazenda

Como todos sabemos, a energia elétrica é responsável pela melhoria da qualidade de vida das pessoas. Atualmente, seus benefícios podem ser vivenciados não só no meio urbano, como também em áreas rurais.

As benfeitorias são muitas e podem ser observadas tanto sob a ótica do conforto doméstico, quanto sob melhores possibilidades de emprego e produção. Portanto, hoje é comum dizer que a energia elétrica é um insumo indispensável ao processo de desenvolvimento.

É quase inaceitável pensarmos, hoje, em viver sem o conforto proporcionado pela energia elétrica, como geladeiras, fornos micro-ondas, televisões, computadores, chuveiros, computadores, etc. Seu uso é tão corriqueiro que, muitas vezes, só nos damos conta de sua ausência quando há uma queda de energia. E a evolução não para por aí.

A área rural, diferente do que se possa imaginar, também tem usufruído das boas condições propiciadas pela energia elétrica.

Pode-se dizer, inclusive, que a eletrificação é um fator importantíssimo para o desenvolvimento humano, econômico e social dessa população permitindo-lhe o acesso à melhores condições de saúde, educação, trabalho, lazer, informação, segurança, enfim, uma melhora considerável em sua condição de vida.

A pergunta em questão é: Como e o que fazer para levar ao campo, a energia elétrica? A resposta é bem simples. Sabe-se que no Brasil, 90% da energia elétrica produzida é proveniente do aproveitamento hidroelétrico.

“A energia elétrica, produzida nas usinas hidrelétricas, são levadas até a subestação elevadora (SE) de tensão e de lá partem os condutores que formam a linha de transmissão, responsável por conduzir a energia elétrica gerada até aos centros consumidores, chegando 'a subestaçãqo Abaixadora (SA) de tensão de transmissão 969 a 750 kV) em tensão de distribuição (13,8 a 34 kV)”, afirmam os Professores José Dermeval Saraiva Lopes e Nelson Fernandes Maciel.

Da linha tronco rural são retiradas as derivações que alimentam as fazendas individualmente ou em grupo. Em cada propriedade é instalado um transformador e este, por sua vez, transformará a energia de alta tensão em energia de baixa tensão, possibilitando, assim, o seu uso na propriedade. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse assunto, começando pelo cálculo da demanda.

Cálculo da demanda

É importante que se saiba que a energia elétrica é obtida a partir de todos os outros tipos de energia. Através de sistemas elétricos complexos, a eletricidade é transportada e chega aos consumidores no mundo inteiro.

Para que isso seja possível, ela passa por quatro etapas: geração, transmissão, distribuição e consumo. A determinação da demanda máxima instantânea permitirá a definição da potência do transformador a ser adquirido para determinada propriedade rural.

As cargas elétricas a serem instaladas devem prever, também, as cargas necessárias para a alimentação de equipamentos, a serem instalados no futuro. Abaixo, uma demonstração de cálculo:

Residência
2.000 Watts para a iluminação
3.500 Waltts de tomadas
3.600 Waltts de chuveiro

Galpão
1 Misturador de ração de 7,5 cv

Oficina
1 Serra circular de 5 cv
1 Esmeril de 5 cv
1 furadeira de 0,25 c

Agroindústria
5 Motores de 1 cv cada
1 Motor de 1cv
2 Motores de 3 cv cada

Irrigação
1 Conjunto de Moto-bomba de 10 cv

Depois de conhecidas as cargas, deverá ser feito o cálculo do horário em que elas estarão em uso para, desta forma, proceder à distribuição de uso. A demanda total de carga, em cada horário, é obtida somando-se as demandas existentes em cada ponto de consumo.

A demanda total de cargas residenciais, por exemplo, é obtida através da divisão da demanda em W por 1.000 e o resultado, convertido para kVA.

Implantação da rede interna

É necessário que se conheça os materiais que serão utilizados na implantação da rede interna, assim como os detalhes construtivos da rede e suas características. São eles:

Poste de madeira: Em propriedades rurais, os de madeira são os mais utilizados devido à facilidade de encontrá-las na fazenda. A madeira, neste caso, deve ser bem resistente uma vez que ficará exposta às intempéries do tempo.

Há de se considerar, também, que o poste ficará enterrado ao solo, portanto deverá ter resistência o suficiente para não apodrecer. O comprimento do poste deve ser suficiente para manter a altura mínima recomendada do condutor ao solo (4,50 a 5,50 m).

Poste de concerto: Estes podem ser construídos na própria fazenda, sendo o mais comum aqueles de seção quadrada.

Fixação dos postes: Para a fixação, em terreno normal, a profundidade dos buraco deve variar de acordo com o comprimento do poste. O diâmetro do buraco deverá ter o diâmetro do poste mais 20 cm. Deve-se evitar a locação do poste em terreno rochoso ou pantanoso.

Estaiamento: Para manter a estabilidade dos postes, deve-se usar a técnica do estaiamento. Desta forma, evita-se a sua inclinação ou a sua quebra devido aos esforços provocados pelos condutores elétricos.

Instalação econômica de isoladores: Deve-se utilizar, para se obter um resultado econômico, o isolador preso diretamente ao corpo do poste.

Emenda de condutores: É muito importante que se dê uma atenção especial às derivações e emendas, pois elas provocam a perda de potência e causam o aquecimento do condutor na emenda.

Grande parte dos acidentes ocorrem devido ao mau contato nestes pontos, podendo haver centelhamento e destruição do isolamento plástico, resultando em curto circuito.

Vãos da rede: O vão da rede é o espeço que existe entre um poste e outro. Devido ao peso dos condutores, a dimensão entre um e outro poste dependerá do vão da rede e da temperatura média da região.

Por Silvana Teixeira.