Cruzamentos e melhoramento genético aumentam a produção de leite

Temos, no Brasil, um quadro no qual o rebanho adotado pelos produtores, na maioria das propriedades, caracteriza-se principalmente por cruzas de raças bovinas, tendo a predominância e preferência de cruzamentos entre zebuínos e raças europeias, que, no caso desta, predomina o uso da raça Holandesa.

Segundo Adilson de Paula Almeida Aguiar, professor do Curso CPT Produção de Leite em Pasto, “Ao longo dos séculos, enquanto os europeus trabalhavam na seleção e melhoramento de raças taurinas para maior produção de carne e leite, o meio ambiente propiciava uma seleção natural aos zebuínos para a rusticidade. Os europeus buscavam animais que, sob clima temperado e recebendo suplementação alimentar, alcançassem alta produção. Na Índia, o Zebu se acostumava ao ambiente tropical, ao calor, aos parasitas, tendo como principal fonte de alimento as pastagens”.

Os cruzamentos entre raças para a produção de leite em pasto

A adoção de cruzamentos para a produção de leite utilizando o pastejo como fonte de volumoso tem se mostrado de grande utilidade aos criadores brasileiros. Ao cruzarmos animais europeus com raças zebuínas, características genéticas de ambas as raças são passadas aos descendentes, tomando destaque a utilização dos cruzamentos entre animais Gir Leiteiro e Holandês. Os filhos do cruzamento de animais da raça Gir com animais da raça Holandesa são chamados de F1 ou meio sangue. Isso quer dizer que as características genéticas das raças Gir e Holandesa estão presentes em igual proporção – meio a meio. Essas vacas são boas produtoras de leite, em pasto, com suplementação de concentrado.

O cruzamento propicia a heterose, que causa o vigor, um fenômeno pelo qual certas características apresentadas pelos animais se mostram superiores às observadas nas raças puras. Ocorre também um fenômeno conhecido como complementariedade, ou seja, o aumento da produção causada pela combinação de características desejáveis de duas raças. Isso acontece porque, nos animais cruzados, muitas das características desejáveis originais das duas raças puras que os originaram acabam se reproduzindo e, consequentemente, complementando-se e, de maneira semelhante, muitas das desvantagens acabam sendo atenuadas.

Nos cruzamentos, uma raça cuja principal característica é a capacidade de suportar os rigores do clima tropical é unida a outra raça especializada, que tem grande capacidade de transformar o alimento consumido em leite. Se a raça europeia enfrenta sérios problemas de estresse calórico, a adaptação do Zebu ao clima tropical é usada como fator de complementaridade. A vaca meio sangue tende a manter-se com tranquilidade sob sol e temperaturas típicas dos trópicos. Da mesma maneira, se a raça europeia tem problemas de baixa resistência aos parasitas das pastagens tropicais, essa característica é compensada no animal cruzado, com a alta resistência do Zebu.

Feito de forma adequada, o cruzamento resulta em um animal muito adaptado à pastagem tropical e com alto potencial de resposta, em termos de produção, e também adaptado à evolução do manejo, em busca da intensificação. Sem dúvida, uma alternativa importante para sistemas que buscam altos níveis de intensificação.

O melhoramento genético do rebanho para a produção de leite em pasto
O melhoramento genético do gado de leite é realizado por meio da seleção dos melhores animais que serão mantidos no rebanho para serem progenitores da próxima geração, pelo cruzamento entre animais de uma ou mais raças.

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Por Silvana Teixeira.

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