Colostro
Colostro é a secreção da glândula mamária no início da lactação, podendo durar de três a seis dias. Também conhecido como leite sujo, o colostro não tem valor comercial, mas é ele que garantirá a sobrevivência dos bezerros, logo após o nascimento, fornecendo a ele os anticorpos para que crie resistência a doenças.
Em virtude do tipo de placenta da vaca, que impede a transferência de anticorpos para o feto, os bezerros nascem praticamente desprovidos de defesas contra os agentes de doenças que os desafiarão no período neonatal. Assim, os anticorpos maternos, denominados imunoglobulinas, são transferidos aos bezerros recém-nascidos quando da ingestão do colostro.
Entretanto, para que seja efetivo, é essencial que sua ingestão ocorra antes de qualquer outra substância (água suja, restos de placenta e outros). Mesmo porque a concentração de imunoglobulinas, que é máxima no colostro obtido na primeira ordenha, decresce nas ordenhas subsequentes. Além disso, a capacidade de absorção das imunoglobulinas pela parede intestinal do bezerro (vitelo) diminui com o tempo.
Portanto, é importante que o colostro seja ingerido, em torno de 2 kg, o mais cedo possível, até seis horas após o nascimento, preferencialmente mamando na vaca. Este deve ser fornecido de forma integral, sem diluições, durante os primeiros três dias de vida. Nas primeiras 24 horas, é importante que os vitelos recebam, pelo menos, 5 a 6 kg de colostro. Além das imunoglobulinas, ele é rico em vitaminas e minerais, importantes para a sua nutrição nos primeiros dias de vida.
A semana após o colostro
Apesar de existirem diferentes programas de alimentação dos bezerros para a produção de vitelos, deve-se ter em mente que o objetivo primeiro é fazer com que eles sobrevivam, e bem, às três primeiras semanas, que são as mais críticas. Neste período, deve-se controlar a quantidade de alimento fornecido. A partir de então, deve-se procurar maximizar a quantidade de alimento, visando a altas taxas de ganho de peso.
Quando se utiliza leite integral, sugere-se o fornecimento de 4 litros/animal/dia, divididos em duas refeições diárias. No caso de utilização de sucedâneos de leite, são fornecidas pequenas quantidades (150 g/bezerro/refeição) diluídas em água, na proporção de 1: 9 a 1:12, durante esta semana.
Da terceira semana em diante
A partir do 15° dia de vida do bezerro, a quantidade de leite a ser oferecida deve ser igual a 13,5% do seu peso. No caso de sucedâneos de leite, deve-se sempre seguir as instruções do fabricante do produto quanto à fase de adaptação, às quantidades e às concentrações indicadas. Neste período, a habilidade do tratador em reconhecer o quanto cada bezerro pode ingerir, com segurança, é de fundamental importância para o sucesso do pecuarista.
Quando o consumo diário de dieta líquida exceder a 6 litros/vitelo, pode-se fornecê-la em três refeições diárias e iguais, caso rejeite, sistematicamente, parte da refeição. Contudo, isto implica aumento na mão de obra e variação na qualidade do leite, que terá de ficar separado e guardado.
Da mesma forma, deve-se estabelecer e seguir, rigorosamente, os horários para as refeições. A temperatura da dieta deve ser sempre a mesma, evitando-se os extremos, alimento muito quente ou gelado. Qualquer mudança na alimentação deve ser feita de forma gradativa.
Assim, a introdução de sucedâneo de leite na dieta dos bezerros deve ser feita prevendo-se um período de adaptação, em que o novo alimento vai sendo introduzido progressivamente. Caso contrário, os bezerros (futuros vitelos) poderão apresentar distúrbios digestivos e/ou reduzirem o consumo, com consequências negativas para o ganho de peso e/ou custo de produção.
O sucedâneo de leite a ser utilizado na produção de vitelos deverá basear-se em produtos lácteos, com, no mínimo, 20% de proteína e 16 a 25% de gordura. Não há dúvida de que o teor de gordura do sucedâneo é importante, uma vez que carcaças inferiores foram obtidas quando o sucedâneo continha somente 12,5% de gordura.
Da mesma forma, é importante verificar a relação proteína/energia no sucedâneo. Ela deve estar próxima a 34,7 mg de proteína digestível/Kcal de energia digestível. Considerando a alta digestibilidade (em torno de 90%) da proteína e da energia dos produtos lácteos, esta relação pode ser aplicada à energia e à proteína bruta.
Os bons sucedâneos de leite possuem suplementos minerais (com baixos teores de ferro) e vitamínicos em sua composição. Por isso, a suplementação com as vitaminas A, D e E justifica-se plenamente, assim como os antibióticos. Entretanto, ainda não se comprovou a necessidade da suplementação com vitaminas do complexo B, mas normalmente elas são incluídas por medida de segurança, e em decorrência do baixo custo.
Seguindo rigorosamente a alimentação dos bezerros que se tornarão vitelos, o produtor rural só tem a ganhar!
Por Andréa Oliveira.
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