Criação de pacas preserva a espécie e gera renda ao produtor rural

As correntes conservacionistas mais atuais apontam a criação de animais silvestres com finalidade comercial como um dos caminhos certos para a preservação de algumas espécies da fauna brasileira. Especialmente, aquelas que possuem potencial zootécnico, como a paca (Agouti paca). Essa espécie sofre com a caça predatória e a destruição de seus habitats, o que leva a uma diminuição progressiva de suas populações e que pode chegar à extinção.

A demanda pelo seus produtos, principalmente carne e couro, e subprodutos como os óleos, não está atendida, o que abre um imenso potencial econômico e zootécnico para essa espécie. Além disso, a criação de pacas pode significar novas alternativas para o produtor rural, gerando renda e progresso social no campo.

O processo de adaptação de animais silvestres ao cativeiro é, em geral, lento e complexo, porém o homem tem demonstrado capacidade para adaptar seus interesses, ajustando a gestão e manejo dos recursos de forma sustentável e economicamente viável, adaptado às condições ecológicas locais.

A paca é considerada uma excelente candidata à exploração zootécnica e adaptação ao cativeiro, sendo nativa dos bosques tropicais, desde o sul do México até o Brasil. Em virtude  da alta qualidade de sua carne, os habitantes desse faixa do continente americano vêm tentando criá-las em cativeiro durante anos. Essas experiências demostraram que, modificando o comportamento original durante as fases iniciais da sua vida, essa se converte em um animal sociável, perdendo sua agressividade. Vivendo em grupos, em vez de pares, pode aumentar as taxas de reprodução, tornando a criação uma atividade rentável.

A paca possui o corpo longo e robusto com listras longitudinais brancas, interrompidas ou não sob um fundo pardo-amarronzado. Os pelos são baixos e um tanto rígidos, as pernas são curtas e os pés possuem cinco dedos, providos de unhas muito fortes. A cabeça é grande, com a região das bochechas bem desenvolvida, orelhas pequenas e cauda vestigial, em forma de um pequeno tubérculo.

Vale destacar que a criação comercial de animais silvestres é normatizada pela portaria n° 118; já a comercialização é regulamentada pela portaria n° 117. Ambas são de 1997 (15/10/97), e representaram um avanço para o setor. Só após a obtenção do registro é permitido capturar e manter os animais em cativeiro.

Com o objetivo de apresentadas as técnicas utilizadas e as instalações dos dois primeiros criatórios de pacas registrados no IBAMA, o CPT - Centro de Produções Técnicas, elaborou o Curso Criação Comercial de Paca, no qual você estará recebendo informações do zootecnista Fábio M. Hosken, especialista em animais silvestres e consultor da FAEMG.

Os exemplos de adaptação de espécies faunísticas ao cativeiro demonstram claramente o potencial existente para produzir alimentos e receitas financeiras para as comunidades rurais. Ao mesmo tempo, contribui para diminuir a intensidade da caça sobre as pacas silvestres.