Propriedades do óleo de girassol

O girassol é uma das quatro maiores culturas oleaginosas produtoras de óleo vegetal comestível em utilização no mundo. É cultivado, com sucesso, nos cinco continentes, em mais de 25 milhões de hectares. Os maiores produtores mundiais são a Rússia, a Argentina, a Comunidade Europeia e os Estados Unidos. Se existe a planta ideal, da qual tudo se aproveita, o girassol está bem próximo dela.

As raízes, do tipo pivotante, promovem uma considerável reciclagem de nutrientes. Já as hastes podem originar material para forração acústica com ótimas características, além de, junto às folhas poderem ser ensiladas e promoverem uma excelente adubação verde. Das flores podem ser extraídos de 20 a 40 kg de mel por hectare de cultura. Elas originam as sementes, que podem ser consumidas tanto pelo homem como pelos animais.

O óleo de girassol é considerado como o de melhores características nutricionais e organolépticas em relação aos outros óleos vegetais comestíveis, principalmente devido a seu elevado conteúdo de ácido linoleico. Ele é recomendado na prevenção de enfermidades cardiovasculares produzidas pelo excesso de colesterol e no tratamento da esclerose múltipla.

Além da vantagem do óleo com elevado teor de ácidos graxos polinsaturados e da boa relação óleo/farelo de 3:2, o girassol ainda apresenta inúmeras vantagens que podem determinar o êxito da cultura em nosso país:

•   Ampla adaptação a diferentes condições climáticas, permitindo o plantio, tanto em regiões quanto em épocas marginais para outras culturas;

•   Melhor aproveitamento da mão de obra da propriedade e da capacidade ociosa da indústria de extração;

•   Promove reciclagem de nutrientes;

•   Possui efeito alelopático sobre várias plantas daninhas;

•   Amplas possibilidades de participação em esquemas de sucessão, consorciação e rotação de culturas;

•   Apresenta bom rendimento econômico em termos de investimento/retorno;

•   É de fácil manejo e baixo investimento;

•   Produz óleo comestível de excelente qualidade e propriedades medicinais, tendo mercado garantido nas classes mais privilegiadas;

•   Possibilita o aproveitamento da capacidade ociosa da indústria de extração;

•   Permite o uso da terra em épocas diferentes da tradicional.
  
  

Em resumo, “a cultura do girassol é uma das mais versáteis. Para o médio e o grande produtor rural, preenche necessidades de opção de rotação e sucessão de culturas, com vantagens sobre outras plantas, dada a sua menor sensibilidade à seca e a baixas temperaturas”, afirma Maria Regina Gonçalves Ungaro, professora do curso Cultivo e Processamento de Girassol, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

Perspectivas futuras da cultura

O óleo de girassol deve continuar a ter um bônus sobre outros óleos vegetais, o qual pode alterar-se, favoravelmente, no caso de mudanças na composição do óleo, como alto nível de ácido oleico ou baixo nível de saturados. Além disso, o consumidor está se tornando mais consciente em relação à saúde e reduzindo o consumo de gorduras, especialmente as saturadas. Da mesma forma, a maior parte da população mundial requer óleo em quantidade e com baixo preço. Especialmente nos países em desenvolvimento, o volume tende a crescer como consequência do aumento populacional e da demanda per capita.

Aplicação do girassol na alimentação

O principal produto do girassol é o óleo extraído dos aquênios. A qualidade do óleo para a alimentação humana está intimamente relacionada à composição em ácidos graxos e os efeitos desse óleo para a saúde humana vão depender não só de sua composição, mas também, da quantidade ingerida. Quando produzido sob temperaturas mais amenas, ao redor de 20ºC, apresenta elevado teor de ácido linoleico – um ácido graxo essencial ao organismo humano, ou seja, é necessário ingeri-lo na dieta, uma vez que o organismo não consegue sintetizá-lo.

Os compostos derivados de ácidos graxos polinsaturados essenciais (ácidos linoleico e linolênico) são importantíssimos na prevenção de doenças cardiovasculares, o que vem reforçar a importância da ingestão de óleos com altos teores de ácidos graxos polinsaturados, como é o caso do óleo de girassol. Uma dieta rica em ácidos graxos polinsaturados favorece o aumento das lipoproteínas de alta densidade (HDL), a redução do colesterol plasmático e a redução das lipoproteínas de baixa densidade (LDL e VLDL), contribuindo para a prevenção da aterosclerose e dos acidentes cardiovasculares.

Seguidores da dieta natural preconizam a ingestão diária de amêndoas de girassol como forma de prevenir a senilidade. A justificativa inclui o alto teor de fósforo dos aquênios, o alimento do cérebro. O farelo desengordurado de girassol é rico em cálcio e fósforo, vitaminas do complexo B e vitamina A. Já os concentrados e os isolados proteicos de girassol possuem considerável potencial em nutrientes, devido à ausência de fatores tóxicos e de ser uma fonte rica em cálcio, fósforo e ácido nicotínico. 

Óleo

Sem dúvida, entre todos os produtos do girassol, o óleo extraído dos aquênios ou grãos é o mais importante. A extração do óleo em pequena escala, a frio, tornou-se uma opção para o produtor de girassol. O equipamento usado é uma mini-prensa, que foi adaptada, a partir de um modelo inglês, pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos – o ITAL. Esse equipamento pode ser adquirido por associações ou cooperativas, permitindo o abastecimento da comunidade com o óleo de girassol.

A prensa consiste de uma cavidade horizontal composta de doze anéis, apoiados em três barras horizontais. Espaçadores de diferentes espessuras e posicionados entre os anéis permitem a extração e drenagem do óleo para um recipiente coletor. A semente não sofre tratamento térmico e não passa pelo refinamento, ao contrário do processo industrial. O eixo transporta a semente através da cavidade até uma saída no final onde sai como uma torta. A torta é recolhida em outro recipiente. 1/4 do peso da semente se transforma em óleo, os outros 3/4, em torta, rica em proteínas e fibras. A torta resultante do processo de extração pode ser triturada e utilizada na alimentação animal, como fonte de energia e proteína.

O óleo escuro que sai da prensa é transportado para um recipiente onde fica em repouso para decantar as impurezas. O repouso é importante, pois aumenta a eficiência da etapa seguinte: a filtragem. Quando o óleo é filtrado, modifica sua cor e espessura. Esse óleo já está pronto para o consumo, mesmo sendo um óleo bruto. Isso porque não apresenta fatores tóxicos, tem sabor suave e coloração atraente. Ele não passa pelas etapas normais do refino, não tendo sido neutralizado, clarificado ou desodorizado, como os óleos encontrados em supermercados. Dessa forma, apresenta acidez um pouco mais elevada, porém conserva todos os compostos naturais da semente, como vitaminas, antioxidantes e tocoferóis. Devido a essas características, o tempo de armazenamento desse óleo é menor que o industrializado, tendo validade de 120 dias.

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Por Andréa Oliveira.