Juquinha, de José de Tuca, tinha uma venda que comecializava de tudo, desde tecidos, balaios até riúna.
No domingo, depois da missa das dez, vendeu um arreio. Casa cheia, atende um, atende outro, acabou esquecendo de anotar na caderneta de vendas a crédito. No outro dia, não conseguia lembrar para quem entregou o arreio. Sem querer ficar no prejuízo, ele lançou a venda do arreio e o preço em dez cadernetas diferentes e aguardou os acontecimentos.
Dias depois, começaram as reclamações.
- Que negócio é esse de arreio, Seu Juquinha?
- Ah! Foi erro de anotação, mas já fiz o estorno.
Na boca da ponte, o Sr. Tote passou-lhe uma.
- Ô Juquinha, vou devolver aquele arreio prá você arrear a sua vovozinha, tá?!
Perto da venda do Toneco, o Pedro disse:
- Sabe, Juquinha, aquele arreio debitado em minha caderneta? Eu o comprei prá muntá na sua cacunda, safado!
Oito reclamações e todas elas atendidas pelo comerciante. O freguês, que realmente havia comprado o arreio, pagou sua conta sem nada reclamar. Um outro, que não conferiu o assentamento da caderneta, pagou também.
Resultado: o Seu Juquinha recebeu duas vezes o tal arreio vendido...
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