Com o passar dos dias, a criança vai ampliando, mais e mais, suas relações sociais, interações e formas de comunicação
Ao nascer, a criança já possui capacidades afetivas, emocionais e cognitivas, sendo um ser social com desejo de estar junto às pessoas que a cercam, interagindo e aprendendo com elas. Com o passar dos dias, a criança vai ampliando, mais e mais, suas relações sociais, interações e formas de comunicação. Isso gera segurança para que ela se expresse sem medo e aprenda, na socialização, com outras crianças e adultos cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas. Para isso elas usam, como recursos, a imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal.
Imitação
Desde pequenas, as crianças começam a reproduzir gestos, expressões faciais e sons produzidos pelas pessoas com as quais convivem. Da mesma forma, imitam animais domésticos, objetos em movimento, entre outros. Isso as ajuda a se comunicar melhor com as outras crianças, principalmente se elas estão entre os 2 a 3 anos de idade. Daí surge a grande necessidade de brincar, pois é a brincadeira que facilita essa interação.
Sendo assim, quando a criança brinca, imitando outras crianças ou adultos, isso nada mais é do que o desejo enorme de se identificar com eles, bem como de ser aceita no meio social, destacando-se nele. Ou seja, a imitação é vista como reconstrução interna e não meramente uma cópia ou repetição mecânica, já que as crianças tendem a observar, de início, as ações mais simples e mais próximas à sua compreensão, especialmente aquelas apresentadas por gestos ou cenas atrativas ou por pessoas de seu círculo afetivo. Isso ajuda a criança a construir a sua identidade, diferenciando-se dos demais.
Faz-de-conta
Para que aconteça, o faz-de-conta usa a imitação, bem como a imaginação das crianças. Sendo assim os adultos devem propiciar situações para que as crianças imitem ações que representam diferentes pessoas, personagens ou animais, reproduzindo ambientes como casinha, trem, posto de gasolina, fazenda, entre outros. Tudo isso favorece a interação com uma ou mais crianças, compartilhando um mesmo objeto, tal como empurrar o berço como se fosse um meio de transporte, levar bonecas para passear ou dar de mamar, cuidar de cachorrinhos, entre outros.
Brincar
Da mesma forma que a imitação, a brincadeira é fundamental para que a criança desenvolva a sua identidade e autonomia. Quando brincam, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Além de amadurecerem algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais. Estes se fazem presentes, sobretudo, no faz-de-conta, quando as crianças brincam como se fossem o pai, a mãe, o filhinho, o médico, o paciente, heróis, vilões, entre outros, imitando e recriando personagens observados ou imaginados nas suas vivências.
A brincadeira faz com que a criança crie um cenário, de fantasia e imaginação, onde pode imitar a vida real e transformá-la, ora lutando contra seus inimigos, ora tendo filhos, cozinhando ou indo ao circo. Com isso, brincar torna-se um espaço no qual se pode observar a coordenação das experiências prévias das crianças e aquilo que os objetos manipulados sugerem ou provocam no momento presente. Pela repetição daquilo que já conhece, utilizando a ativação da memória, atualizam seus conhecimentos prévios, ampliando-os e transformando-os por meio da criação de uma situação imaginária nova. Além disso, são capazes de internalizar e elaborar suas emoções e sentimentos, desenvolvendo um sentido próprio de moral e de justiça.
Oposição
Outro recurso bastante utilizado pelas crianças é a oposição, ou seja, a maneira que conseguem se diferenciar do outro, afirmar o seu ponto de vista e expor os seus desejos. É comum haver fases em que a oposição é mais intensa, ocorrendo de forma sistemática e concentrada. Como exemplo, citamos o momento em que algumas crianças disputam por um mesmo brinquedo, brigam por causa de um lugar específico, desentendem-se por causa de uma ideia ou sugestão , entre outros. Tudo isso muda conforme muda a idade. Embora os adultos se irritem, essa fase é muito importante na diferenciação e na afirmação do eu.
Linguagem
A linguagem é um dos principais veículos de socialização, já que enriquece as possibilidades de comunicação e expressão. Por exemplo, quando a criança conjuga o verbo na terceira pessoa — “fulano quer isso ou aquilo” — isso sugere a identificação da sua pessoa como uma perspectiva particular e única, além de favorecer o processo de diferenciação.
Por meio da língua, a criança vê e compreende o mundo de forma bastante particular, podendo aprender sobre culturas e grupos sociais singulares. Em contato com esse mundo, a criança constrói um sentido de pertinência social, pois partilham significados e são significadas pelo outro. Tudo isso graças à linguagem usada no processo de interação social.
Além disso, usando a linguagem, a criança passa a ter acesso a outras realidades sem passar pela experiência concreta. O Saci Pererê, por exemplo, pode ser um personagem cujas aventuras façam parte da vida da criança sem que exista concretamente na realidade.
Apropriação da linguagem corporal
Ao ter consciência dos limites do próprio corpo, a criança começa o processo de diferenciação do eu e do outro, bem como da construção da sua identidade. Isso ocorre por meio das explorações que faz, do contato físico com outras pessoas e da observação daqueles com quem convive. Em outras palavras, a criança aprende sobre o mundo, sobre si mesma e comunica-se pela linguagem corporal.
Por Andréa Oliveira
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Comentários
marta c andrade
25 de out. de 2016Parabéns pelas informações, em breve iniciarei cursos complementares. Obrigado!
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26 de out. de 2016Olá Marta,
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Ana Carolina dos Santos
Gizelda
24 de set. de 2015Amei tudo que tive a oportunidade de ler. Material riquíssimo.
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25 de set. de 2015Olá, Gizelda!
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