Os ganhos com a escolha correta de um cultivar de pêssego, de boa adaptação, com alto nível de produção e qualidade dos frutos e dotada de boa resistência a doenças, certamente serão bem mais elevados, quando comparados com o de uma cultivar sem essas características.
“Portanto, a escolha da cultivar é um ponto importante na hora de se implantar um pomar de pêssego. Qualquer que seja a cultivar escolhida, o custo de implantação do pomar será o mesmo, a diferença entre eles, entretanto, é o retorno econômico”, afirma o professor Francisco Ramos da Fonseca, do Curso CPT Produção de Pêssego.
O pêssego é uma deliciosa fruta comestível, de delicioso aroma e sabor adocicado. Sua origem é chinesa e é uma fruta rica em vitamina C e pró-vitamina A. A casca do pêssego é fina, aveludada e de cor alaranjada. Sua carne é amarelada e muito usada para fazer doces, bolos, geleias, compotas e sucos.
O pêssego não é uma fruta muito calórica e cada unidade da fruta possui, em média, 50 calorias. Possui boa quantidade de fibras e é extremamente suculenta, apresentando 90% de seu peso composto por água. Além das vitaminas C e A, o pêssego apresenta, também, vitaminas do Complexo B (B1, B2, B3,B5, B6, B9 e B12), além das vitaminas K e E.
As cultivares de pêssego são classificadas em função de cinco parâmetros, que são: a cor da polpa dos frutos, as exigências em frio para haver a quebra da dormência, a época em que ocorrerá a maturação dos frutos, o tamanho médio dos frutos, e a qualidade da polpa dos frutos.
Classificação do pêssego quanto a cor da polpa
- Polpa branca - São mais indicados para o consumo in natura e ricos em vitamina C.
- Polpa amarela - Apresentam maior concentração de carotenoides, não são oxidantes, são estimuladores das funções imunológicas do organismo, são referidos tanto para o consumo como para a indústria e, por fim, são ricas em vitamina C.
Classificação do pêssego quanto às exigências por frio
Quanto às exigências por frio necessárias para completar a dormência, os pessegueiros são classificados como: cultivares de baixa, média e de alta exigência.
- Baixa - Necessitam de até 200 h de frio por ano. Existem cultivares de pêssego que requerem 100 h, ou menos, de frio para ter a dormência completada.
- Média - Necessitam de 200 a 400 h de frio por ano.
- Alta - Necessitam de mais de 400 h de frio por ano.
Classificação do pêssego quanto à maturação dos frutos
Uma boa estratégia de produção é cultivar variedades de pelo menos três classificações diferentes, quanto à maturação dos frutos. Por exemplo, uma precoce, uma mediana e outra tardia. Assim, o produtor não terá sua produção concentrada em apenas um mês, o que lhe permitirá obter melhores preços, pelo menos em uma parte da colheita. E, também, caso ocorram condições climáticas indesejáveis (geadas ou granizos), os riscos de perda total da produção serão menores. A Classificação dos pessegueiros, quanto à maturação dos frutos, é a seguinte: muito precoce, precoce, precoce-mediana, medianas e tardias.
- Muito precoce - Em setembro.
- Precoce – Maturação em outubro.
- Precoce-mediana - Maturação no final de outubro e se estende até meados de novembro.
- Medianas - Maturação no final de novembro e início de dezembro.
- Tardias - Maturação nos meses de janeiro e fevereiro.
Classificação do pêssego quanto ao tamanho dos frutos
Quanto ao tamanho dos frutos, eles podem ser classificados como: pequenos, médios e grandes. Os pêssegos para consumo devem ser médios ou grandes e para a indústria, eles poderão ser de qualquer tamanho. Quando são bem conduzidos e, dependendo da variedade, pode-se encontrar pêssegos que pesam mais de 300 gramas.
- Pequenos - Os frutos pesam 90 g.
- Médios - Os frutos pesam entre 90 e 150 g.
- Grandes - Os frutos pesam mais de 150 g.
Classificação do pêssego quanto à qualidade da polpa
Quanto à qualidade da polpa, os pêssegos são classificados em: frutos de mesa e frutos para a indústria. Uma vez que a produção de pêssego é direcionada apenas para os segmentos do consumo in natura e da indústria, os aspectos quanto ao tamanho do fruto e à qualidade da polpa deverão ser considerados pelo produtor, quando for fazer a escolha das cultivares que irão formar seu pomar. É importante saber que o segmento da indústria garante maior volume de vendas, mas, por outro lado, o consumo in natura proporciona melhores preços.
- De mesa - Devem ter polpa farta, devem ser doces ou ligeiramente ácidos e devem possuir película colorida para serem mais atrativos;
- Para a indústria - Poderão ter acidez mais elevada que os frutos de mesa, devem sempre ter polpa amarela e uniformemente madura e devem ser preferencialmente de caroços pequenos.
Descrição das principais cultivares de pêssego plantadas no Brasil
As cultivares se diferenciam entre si, basicamente, pela exigência por frio, época de maturação dos frutos, tamanho dos frutos e cor da polpa dos frutos.
Quando são bem conduzidos e, dependendo da variedade, pode-se encontrar pêssegos que pesam mais de 300 gramas
Cultivar Precocinho
Esta cultivar foi lançada em 1981, sendo obtida por polinização livre. É uma cultivar produtora de frutos para indústria. Tem apresentado a cada ano boa produtividade. Os frutos são de forma redondo-ovalada. São classificados de tamanho pequeno médio, com peso variando entre 82 e 95 g. É envolvido por uma película amarela, com 5 a 10% da área do fruto apresentado uma tonalidade vermelha. A polpa é amarela, firme e aderente ao carroço. O sabor desses frutos é doce-ácido e os sólidos solúveis tem variação entre 8º e 11º Brix (medida do teor de açúcar).
Cultivar Safira
Foi obtida de cruzamento da cultivar Ambrósio Perret com a Cerrito. Os frutos são de formato redondo-oblonga, com uma película de revestimento na cor amarelo-ouro. Na maior parte do ano, os frutos são grandes, sendo o peso médio superior a 130 g. A polpa é aderente ao carroço e de cor amarelo-escura, podendo ter traços de vermelho próximo ao carroço. Ela não resiste à oxidação e seu sabor é doce-ácido, com teor de sólidos solúveis entre 15º e 18º Brix. Embora a Safira seja uma variedade produtora de frutos para a indústria, os seus frutos são bem aceitos para consumo . Quando são destinados à indústria, os frutos da Safira devem ser colhidos em firme maturação, do contrário apresentarão problemas no processamento.
Cultivar Granada
Esta cultivar foi lançada em 1983, e foi obtida por polinização livre. Os frutos apresentam forma redonda, e seu peso médio é superior a 120 g. Os frutos da cultivar Granada se diferenciam dos frutos de outras cultivares de mesma época de maturação pela firmeza, pelo tamanho e pela aparência. A película é 60% na cor amarela e 40% vermelha. A polpa é firme e na cor amarela, fica aderente ao carroço e tem sabor levemente doce-ácido, sendo que os sólidos solúveis apresentam uma variação de 8º a 11º Brix. A época de maturação dos frutos não permite que no campo ocorra a podridão-parda-dos-frutos, bacteriose ou ataque da mariposa-oriental. Embora seja uma cultivar produtora de frutos para a indústria, a época de maturação e a aparência dos frutos, pode ter uma boa aceitação no mercado de frutos frescos.
Cultivar Esmeralda
Foi obtida por cruzamento entre as cultivares Alpes e a seleção americana RR 37 – 201. Os frutos têm, em geral, formato redondo, podendo apresentar, ocasionalmente, uma pequena ponta. A película tem cor amarelo-escura e a polpa é amarelo-alaranjada, com consistência firme e aderente ao caroço. O sabor é doce-ácido, adequado, portanto, ao processamento. Apresenta teor de sólidos solúveis entre 12º e 14º Brix.
Cultivar Diamante
Foi obtida por cruzamento entre as cultivares Convênio e Cardeal. Os frutos desta cultivar têm forma redondo-cônicos, podendo, eventualmente, apresentar uma ponta pequena. O fruto tem película amarela, podendo ser que 20% da área do fruto apresente pigmentação vermelha. A consistência da polpa é de firmeza média, a cor é amarelo-escura e aderente ao caroço. O sabor é doce-ácido e o teor de sólidos solúveis varia de 12º a 15º Brix .
Cultivar Ametista
Foi obtida do cruzamento entre as cultivares Alpes e RR 31 – 201. Os frutos desta cultivar têm forma redonda a redondo-cônica. A película de revestimento do fruto é de cor amarelo-alaranjada com 5% a 10% de vermelho. A polpa tem cor amarelo-alaranjada, é firme com boa resistência à oxidação e aderente ao caroço, que é pequeno em relação ao tamanho dos seus frutos. O tamanho dos frutos é grande, sendo o peso médio superior a 120 g. O sabor é subácido, com teor de sólidos solúveis entre 11º e 14º Brix. Destaca-se por produzir conservas de excelente qualidade.
Cultivar Flordaprince
Foi criada pelo programa de melhoramento genético da universidade da Flórida, nos Estados Unidos. Os frutos têm forma redonda, com tamanho que varia de pequeno a médio, alcançando peso entre 70 e 100 g. A película tem cores amarela e vermelha. O sabor é doce-ácido, estando o teor de sólidos solúveis entre 8º a 9,5º Brix. A polpa é amarela e aderente ao caroço. Pode acontecer de uma porcentagem dos frutos apresentarem caroços partidos. São frutos susceptíveis à antracnose.
Cultivar Maciel
Foi obtida do cruzamento entre a Conserva 171 e Conserva 334. Os frutos têm forma redonda-cônica e de tamanho grande, cujo peso médio está em torno de 120 g. A película tem cor amarelo-ouro, com 20% de vermelho. A polpa é amarela, firme e fica aderente ao caroço. O sabor é doce-ácido, apresentando o teor de sólidos solúveis entre 11º e 16º Brix.
O pêssego apresenta, também, vitaminas do Complexo B (B1, B2, B3,B5, B6, B9 e B12), além das vitaminas K e E
Cultivar Premier
Foi obtida por polinização livre entre a Cardeal e a 15-de-Novembro. A forma dos frutos é ovalada ou redondo-ovalada, sendo o tamanho variável de pequeno a médio, enquanto o peso médio pode variar de 70 a 100 g. A cor da pele do fruto é creme-esverdeada, com aproximadamente 40 de vermelho. Quando maduro, a polpa se solta do caroço. Por possuir uma polpa não muito firme, esses frutos podem sofrer danos com relativa facilidade. O sabor é doce e quase sem acidez. O teor de sólidos solúveis fica entre 9º e 11º Brix.
Cultivar Vila Nova
Foi obtida por cruzamento entre as cultivares Cristal e Princesa. Os frutos dessa cultivar são oblongos e apresentam o tamanho médio ou grande, com peso médio geralmente acima de 120 g. A cor da polpa é amarelo-escura, com a parte junto ao caroço pigmentada de vermelho. O caroço do fruto é de forma oval-elíptico e bem solto. A película tem cor amarelo-esverdeada, com aproximadamente 50% de vermelho, proporcionando ao fruto uma tonalidade não muito atrativa para o consumo in natura. O sabor é equilibrado e doce-ácido. O teor de sólidos solúveis é entre 14º e 17º Brix.
Saiba mais sobre o assunto. Leia a(s) matéria(s) abaixo:
Controle das pragas e doenças do pessegueiro.
Pêssego: fatores que determinam o sucesso da cultura.
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Por Silvana Teixeira
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Comentários
Elaídes Loraschi
26 de jan. de 2018Boa tarde. Gostaria de mais informações sobre o pêssego para pomar doméstico. Em especial data de plantio. Grata. Bom trabalho.
Resposta do Portal Cursos CPT
26 de jan. de 2018Olá Elaídes,
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site.
Para o plantio doméstico, use terra e adubo orgânico. E, siga os seguintes passos:
- Abra covas com cerca de 80 x 80 x 80 cm e reserve em média 5 m entre cada planta.
- Coloque o torrão, deixando-o cerca de 2 cm acima do nível da terra. Irrigue ao finalizar.
- Na frutificação, quando há mudança do verde para o amarelo ou vermelho, é hora de iniciar a colheita.
Atenciosamente,
Ana Carolina dos Santos
Mari
31 de jul. de 2017Em que ano este artigo foi publicado?
Resposta do Portal Cursos CPT
1 de ago. de 2017Olá, Mari.
Agradecemos sua visita e comentário em nosso site. A data da publicação é 26 de março de 2013.
Atenciosamente,
Renato Rodrigues.