O Construtivismo nas aulas práticas e demonstrativas

A Teoria Construtivista de autoria do francês Jean Piaget é a base da maioria das metodologias educacionais do nosso país, principalmente quando falamos em aulas práticas e demonstrativas. Para o Construtivismo nada, a rigor, está pronto, acabado, e o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. O professor Per Christian do Curso CPT de Estratégias de Ensino — Estilos de Aprendizagem, diz que ''ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais, com a realidade dos alunos e com o seu lado prático, palpável''.

O Construtivismo permite às crianças interpretar o mundo em que vivem de forma prática e demonstrativa

O Construtivismo se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento.

Ele é, portanto, uma ideia; melhor, uma teoria, um modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da Filosofia dos últimos séculos. Uma teoria que permite às crianças interpretar o mundo em que vivem de forma prática e demonstrativa.

A Teoria de Piaget permite que os alunos (re)interpretem o mundo ao seu redor, lançando-os para dentro do movimento da História - da Humanidade e do Universo

A teoria de Piaget não é uma prática ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite que os alunos (re)interpretem o mundo ao seu redor, lançando-os para dentro do movimento da História - da Humanidade e do Universo.

Pela visão Construtivista, o conhecimento não nasce com o indivíduo nem é dado pelo meio social, construído na interação deste com o meio físico e social

Com isso, conclui-se que, pela visão Construtivista, o conhecimento não nasce com o indivíduo nem é dado pelo meio social, construído na interação deste com o meio físico e social, num processo que depende tanto das condições do aprendiz, como das condições do meio. Essa visão se opõe a outras visões que ainda permeiam o mundo educacional, como o empirismo e o apriorismo.

As visões empirista e apriorista, em detrimento da visão construtivista, distorcem o real processo de aprendizagem

Na visão mais empirista da educação, o conhecimento é entendido como algo absorvido pelo ser humano por meio de seus órgãos dos sentidos, visão, audição, tato, paladar e olfato, que vem de fora da pessoa, entra e se instala independente da vontade dela.

Já a visão apriorista, que é oposta à empirista, considera que já existe algo inato ou programado na bagagem genética hereditária do aluno que depois amadurecerá, em determinadas etapas, até que se desenvolva, a partir dessa base, o conhecimento.

Para os aprioristas, como a base está feita em cada pessoa, o mundo exterior tem uma função menor, de abastecer o indivíduo com conteúdo, de forma que o conhecimento se faça, enfim, existir.

Por tudo isso, sob essa visão, uma criança não se torna um mau aluno, mas, sim, já nasce potencialmente mau, independente do meio que o cerca e da experiência vivida.

Professores com visão construtivista, em geral, obterão melhores resultados em termos de aprendizagem com seus alunos durante uma aula prática ou demonstrativa

Essas duas visões, empirista e apriorista, em detrimento da visão construtivista, distorcem o real processo de aprendizagem. Professores com visão construtivista, em geral, obterão melhores resultados em termos de aprendizagem com seus alunos durante uma aula prática ou demonstrativa.

Isso porque o profissional da educação que tem uma visão empirista acaba ensinando a teoria para que o aluno a aplique, na prática, procurando fazer com que o aluno memorize a teoria, estudando-a repetidas vezes.

A aula demonstrativa, na concepção construtivista, ajuda a inverter pontos de vista inadequados, pois liga a teoria à prática, contextualiza o conhecimento ao meio cultural e valoriza as particularidades do aluno

A aula demonstrativa, na concepção construtivista, ajuda a inverter pontos de vista inadequados. Ao conhecer seus alunos, ao ligar a teoria à prática, ao contextualizar o conhecimento ao meio cultural e ao valorizar as particularidades do indivíduo, o professor dará um grande passo na busca por maior eficiência do processo de ensino-aprendizagem.

O conhecimento, então, não é oferecido, de forma alguma, como algo terminado. É construído por meio da interação entre o indivíduo e o meio físico e social, e, ainda mais, pela força de sua própria ação, ou seja, construído, o conhecimento, dinamicamente, leva a construção de novos conhecimentos, como acontece aos bebês.

Em suma, a ação, a participação, a interação e a possibilidade de elaborar e reelaborar, construir e reconstruir o conhecimento representam uma epistemologia mais eficiente para a aprendizagem dos alunos submetidos a aulas práticas e/ou demonstrativas.

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Por Andréa Oliveira.