Vai fabricar e reparar joias? Você terá de aprender a soldar

Esse processo requer habilidade, sendo fundamental a realização de uma solda correta. Sua finalidade não e cobrir as frestas com uma camada grossa de solda e sim usar a menor quantidade de solda possível para fazer uma união quase invisível.

"O ourives faz sua própria solda. Cada um tem suas especificações, podendo ser mais forte, média ou mais fraca, entre outras. Isto depende do tipo de matéria-prima que foi utilizada, e dos pontos de fusão de cada material", explica Ailton Lopes, professor do Curso CPT Capacitação de Ourives: Técnicas e Montagem de Joias Tradicionais.

Para soldar a peça, o ourives utiliza o tipo de solda adequada. Ele corta a lâmina de solda em pequenos pedaços, chamados “palhões”, com a tesoura, de acordo com a proporção mais adequada à peça a ser soldada. Caso a peça já tenha sido soldada, ele deve verificar qual o tipo de solda foi usada. Se forem utilizadas soldas do mesmo tipo, não ocorrerá a soldagem.

Sempre deve-se usar uma solda mais fraca em cima de uma mais forte. Para soldar, é necessário que as peças passem pelo ácido sulfúrico e estejam bem limpas.

É preciso deixar a peça imersa no ácido em média quinze minutos para retirar resíduos e conseguir uma boa limpeza. Em seguida, o ourives lança um jato d’água. O passo seguinte é posicionar as partes em cima de uma chapa refratária de argila com uma tela de aço sobreposta, de forma que as rupturas e aberturas fiquem expostas, permitindo fácil acesso aos locais que receberão solda. A tela de aço tem o objetivo de facilitar o escorrimento da solda entre as partes e a placa de argila de isolar o calor, evitando que a banca se queime.

Antes de receber a solda e após estar limpa, é necessário aquecer a peça com a chama do maçarico para receber o fluxo “soldarom”. O fluxo evita a oxidação e ajuda a solda a fluir entre as rupturas do metal. Com um pincel, um palito de dente ou de fósforo, o ourives passa o fluxo “soldarom”, cobrindo os pedaços de solda já cortados e o local da peça que deve receber a solda, não permitindo que o fluxo se espalhe por toda peça.

Então, ele aquece um pouco toda a peça, para que o fluxo seja fervido o suficiente e observa se toda a área de soldagem está coberta pelo fluxo. Nesta fase, ele deve observar se as partes não recuaram criando rupturas maiores. Com auxílio de uma pinça de metal, pega um pedaço de solda e coloca onde será aplicada a chama para realizar o processo de solda.

O ourives segura o maçarico com a mão direita e com ajuda de um isqueiro na mão esquerda, ele ateia fogo ao bico do maçarico. A chama branda, de cor azulada e com extremidade ligeiramente amarela, deve ser distribuída e controlada por igual.

O ourives sempre retira a chama de cima da peça para verificar a situação. A fusão é obtida quando a peça atinge uma coloração avermelhada uniforme. Quando a chama é usada em excesso, tanto de intensidade quanto de tempo, sem que sejam feitas essas pequenas interrupções, a peça acaba se fundindo, o que provoca retrabalho. Essas interrupções auxiliam o ourives a observar o processo e devem ser realizadas periodicamente.

Aplica-se o fogo brando do maçarico em torno e em cima do local desejado, evitando-se que o metal receba fogo apenas em algumas partes. O ourives deve estar atento a esta etapa, pois as partes devem receber calor por igual, fazendo a solda fluir uniformemente por toda extensão desejada. Pode-se considerar que o princípio básico do processo de soldagem é uma união perfeita das partes.

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Por Silvana Teixeira.