A cerveja é uma das bebidas mais antigas e cercada de muito misticismo, em diversas civilizações. Ela é consumida há muito tempo e a sua criação se confunde com a própria agricultura e o conhecimento do processo de fermentação, há cerca de 10.000 anos. Por isso, existem diversas versões para a sua história.
Na Suméria |
Acredita-se que os sumérios teriam percebido que os cereais, assim como a massa do pão, quando molhados, fermentavam, produzindo um líquido como uma cerveja primitiva, como "pão líquido". O melhoramento desse processo deu origem a um gênero de cerveja que os sumérios consideravam uma “bebida divina”, a qual era, por vezes, oferecida aos seus deuses.
Segundo Adonay Anthony Evans, professor do Curso a Distância CPT Como Montar Uma Microcervejaria e Produzir Cerveja Artesanal, “Existem diversas indicações arqueológicas a respeito da cerveja, como alguns estudos há cerca de 7000 a.C, na região do Nilo, atual Sudão, de que os povos locais produziam uma bebida semelhante a nossa cerveja, a partir do sorgo. No entanto, na região da Suméria, foram encontradas inscrições feitas numa pedra, relativas a um cereal que era utilizado em um processo de fabricação similar à produção de cerveja. Em outra inscrição em barro, nessa mesma civilização, datada de cerca de 4000a.C., são identificadas duas figuras que bebem possivelmente cerveja de um pote”.
Em diversas histórias sobre a cerveja no mundo antigo, ela é vinculada a deuses, como no Hino a Ninkasi, que significa algo como "senhora que enche a boca", datado de 1900 a.C. A deusa da cerveja dos Sumérios é, na realidade, uma receita de cerveja. Acredita-se que, como essa bebida fazia os antigos sumérios se sentirem “alegres, maravilhosos e abençoados”, a cerveja era considerada um presente dos deuses.
Na Babilônia |
Os antigos babilônios, que são descendentes do povo sumério, por volta do ano 2.000 a.C, já possuíam mais de 20 variedades de cerveja diferentes. Essa bebida já possuía grande importância na sociedade e na economia, tanto que era usada como moeda de troca, e parte do salário dos trabalhadores era pago com a bebida. Todos os cidadãos tinham direito a uma ração diária de cerveja, calculada de acordo com a posição social da pessoa. Por exemplo, um trabalhador normal receberia dois litros por dia, um funcionário público três litros, enquanto os administradores e sacerdotes receberiam cinco litros por dia.
No Egito |
A cerveja também fazia parte da dieta dos egípcios, que a consideravam, além de uma bebida sagrada, como remédio para diversas doenças. Um documento médico, datado de 1600 a.C. descreve cerca de 100 receitas que contêm a palavra cerveja. Ainda sobre esses povos, o caráter religioso está ligado à cerveja, que era oferecia aos deuses em cerimônias, em casos de calamidade ou desastre natural, sendo também frequente a oferta de grandes quantidades de cerveja aos sacerdotes. Nos túmulos, além dos artefatos habituais, como incenso, joias e comida, também era habitual encontrar provisões de cerveja. Inclusive, existem registros de que Ramsés III, muitas vezes designado por "faraó-cervejeiro", doou, aos sacerdotes do Templo de Amón, cerca de 1.000.000 litros de cerveja. Desde aquela época, a fabricação da cerveja vem evoluindo e, durante o período grego e romano, foi verificado um grande avanço nas técnicas.
A história da cerveja na Bretanha e na Europa Central
Plínio foi um dos autores clássicos que escreveu sobre a evolução do processo de fabricação da cerveja e os hábitos dos povos celtas e germânicos da Bretanha e Europa Central. Entretanto, em 500 a.C., os gregos e romanos consideravam o vinho a bebida dos deuses e, por consequência, da classe dominante. Dessa forma, a cerveja passou a ser a bebida das classes mais pobres, mas ainda muito apreciada, principalmente pelos germanos e gauleses.
Em Roma |
Já, em Roma, essa bebida era desprezível e típica de povos bárbaros. Foi nessa época que as palavras cervisia ou cerevisia passaram a ser utilizadas pelos romanos, em homenagem a Ceres, deusa da agricultura e da fertilidade. Após o século V, com o declínio do império romano, a produção de cerveja já era dominada pela população, e a fabricação ocorria nos lares. No entanto, ela obedecia aos condicionantes naturais que marcavam a produção agrícola e o seu carácter sazonal. A cerveja era de difícil conservação, ao contrário do vinho que, se guardado em boas condições, podia até melhorar com a idade. Assim, a cerveja permanecia como a bebida dos pobres, porém, sem deixar de ser apreciada por todas as classes.
Já, na idade média, a Igreja Católica também se envolveu na produção de cerveja, e os mosteiros foram fundamentais para aperfeiçoar os métodos usados na fabricação da bebida. Eles tiveram grande influência na melhoria da qualidade da cerveja e na divisão dos diversos tipos conhecidos até hoje. Com a incessante busca pela melhoria da qualidade e a busca de uma cerveja mais agradável ao paladar e mais nutritiva, novas técnicas foram desenvolvidas. Eles também consideravam a qualidade alimentar da cerveja, que era utilizada como alimento durante os longos e frequentes jejuns dos monges, que, por sua vez, não podiam se alimentar de comida sólida e bebiam até cinco litros de cerveja por dia.
Várias comunidades religiosas devem suas existências à cerveja, já que os lucros da venda da bebida mantiveram diversos mosteiros. Com a melhora da qualidade da bebida, os mosteiros começaram a comercializá-la, abrindo pequenas tabernas, onde a cerveja era vendida e muito procurada por causa de sua alta qualidade.
A cerveja que conhecemos hoje teve seu aperfeiçoamento graças aos estudos de desenvolvimento dos monges da época. Foram eles quem deram maior importância ao uso dos principais ingredientes da cerveja atual, como o lúpulo, o malte e alguns outros complementos, como outros tipos de semente e condimentos.
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Por Silvana Teixeira.
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